Publicado em 22 set 2025 • por Karina Medeiros de Lima •
Como parte da programação da 19ª Primavera dos Museus, a Fundação de Cultura de Mato Grosso do Sul realiza no Museu da Imagem e do Som entre 22 e 24 de setembro o ciclo de oficinas “Registro, manipulação, conservação e preservação de acervos”. As atividades são gratuitas e acontecem das 8h30 às 11h30. São voltadas a profissionais de museus e casas de memória, agentes culturais, estudantes e interessados no tema da preservação documental.
O workshop será ministrado ao longo dos três dias por especialistas que atuam diretamente na gestão do patrimônio cultural do Estado: Melly Fátima Goes Sena, diretora de Memória e Patrimônio Cultural da Fundação de Cultura de MS, Cristiane Almeida de Araújo Freire, coordenadora do Sistema Estadual de Museus de MS e Douglas Alves da Silva, coordenador do Arquivo Público Estadual.
Na manhã desta segunda-feira (22), o coordenador do Arquivo Público Estadual, Douglas Alves da Silva, falou sobre “O cotidiano na reserva técnica”. “Aspectos como o cotidiano da reserva técnica, tipos de acervos que você encontra, tipologias de acervos como acervos em papel, documentos, acervos fotográficos, acervos tridimensionais, acervos de audiovisual, assim como a preservação e a conservação desses acervos” estão sendo abordados. Quem trabalha dentro das instituições museais, enquanto pesquisadores, acadêmicos, entre outros que estão interessados em saber como funcionam esses espaços, então mostramos aqui essa capacitação que eu ofereci pela Diretoria de Memória e Patrimônio Cultural, por meio do Sistema Estadual de Museus, cumprindo essa lacuna, que é a lacuna de capacitação de profissionais para atuarem nessa área”.
O professor do curso de Arquitetura e Urbanismo da UFMS, Julio Bottega, decidiu fazer o workshop porque esse semestre ele está com uma disciplina com os alunos do terceiro ano do curso sobre arquivologia voltado para servos de arquitetura e urbanismo, para projetos que foram desenvolvidos aqui em Campo Grande. Hoje está no acervo do ARCA, do Arquivo Histórico. Como o acondicionamento não é o mais adequado, nós estamos fazendo a digitalização desse acervo que é voltado então para os projetos de arquitetura do início do século 1910, 1915. “É interessante ver todas as questões de arquivo, que é algo que a gente não aborda muito no curso de arquitetura, como deve ser acondicionado, quais são os perigos para os documentos, porque o arquivo, o projeto de arquitetura, ele não é só um acervo, ele é também um documento histórico, que pode ser utilizado para projetos de restaura, de reforma, etc. Então, por isso o meu interesse também em participar do Workshop, para entender um pouco mais sobre isso”.
Maria Vânia de Oliveira é estagiária do Museu da Imagem e do Som e acadêmica do curso de História da UFMS. “Muito interessante, o palestrante agora, nesse caso ali do workshop, está mostrando as técnicas de conservação, a necessidade, tudo o que tem de manutenção para não chegar até parte de restauração, todos os antecedentes que você tem que ter com as obras de arte, é bem interessante, é uma visão que a gente ouve falar, conservação, manutenção, restauração, mas assim, com ele explicando os detalhes, passo a passo, ficou muito bom, muito interessante, eu acho que estou gostando muito, e ele é excelente palestrante, muito bom”.
Luiz Onder é acadêmico de Pedagogia da UEMS e está iniciando seu estágio no Museu da Imagem e do Som. “Eu acredito que essa oficina até agora demonstrou a importância não só da questão da conservação, dos objetos, dos artefatos, mas também ela traz uma questão social muito forte, que é a questão de investimentos de estado em cima dos museus, da estrutura dos museus, porque os museus guardam a nossa história, os artefatos guardam a história de um povo, a história de uma comunidade, e é de extrema importância a gente guardar a memória, e para isso a gente precisa de espaço adequado, e é uma coisa que quando você vem numa exposição, você acaba não pensando como que essas obras são guardadas fora do ambiente de exposição, e para isso é necessário uma temperatura, uma condição do ar adequada, dependendo do material que é feito o artefato, e o que a gente pode ver é que o estado investe pouco nisso, porque são investimentos altos. Então, a gente vê que a nossa história mesmo, ela está suscetível a se deteriorar, porque é preciso de uma condição adequada, de uma temperatura adequada, de uma unidade agora adequada. E quando você não tem esse investimento, então percebe, o que eu percebi até agora nos treinamentos, nos workshops, que os profissionais são extremamente dedicados a manter esse material, mas eu acho que além dessa dedicação dos profissionais, que é extremamente importante, o Estado tem que investir nisso”.
Texto: Karina Lima
Fotos: Ricardo Gomes