Festival Dia do Graffiti colore a Vila Nhanhá e transforma ruas do bairro

  • Publicado em 26 nov 2025 • por Karina Medeiros de Lima •

  • A 4ª edição do Dia do Graffiti encerrou neste sábado (22) três dias de formação, arte urbana e celebração do Hip Hop na Vila Nhanhá, reafirmando a potência criativa da periferia de Campo Grande e a força da cultura de rua como ferramenta de transformação. Realizado pelo coletivo Campão Graffiti, o evento tomou conta do Núcleo Humanitário da Nhanhá e das ruas do Comércio, do Trabalhador e da Travessa Trigueira, que receberam novas cores, novos contornos e novos sentidos pelas mãos dos artistas locais, convidados e moradores da região.

    Com uma programação intensa, que incluiu rodas de conversa, oficinas, feira criativa, apresentações de hip hop, batalhas e exibição de documentário, o festival reuniu artistas do Norte e Nordeste — Léo Papel (BA), Tia Ireny (PA) e Auá Mendes (AM/SP) — além de nomes de Mato Grosso do Sul selecionados via chamada pública e convidados. A soma dessas presenças fez do bairro um polo de experimentação e encontro, criando vínculos entre gerações, linguagens e territórios.

    Para o idealizador do projeto, San Martinez, o impacto foi imediato e sentido pela própria comunidade. “O evento foi bonito demais, a população gostou, eles queriam até mais. As crianças também gostaram muito do evento, querem aprender mais. A gente se organizou bem e conseguiu entregar um evento que o bairro merece. Agora é esperar a próxima”, afirmou.

    Arte que se espalha: as ruas pintadas e a força da comunidade

    Além das atividades no Núcleo Humanitário, o festival deixou sua marca de forma concreta no território. As ruas do Comércio, do Trabalhador e a Travessa Trigueira foram transformadas em poucos dias, recebendo intervenções que compõem agora uma galeria a céu aberto. Cada muro pintado carrega a assinatura coletiva de artistas e moradores que participaram lado a lado do processo, reforçando a identidade local e o sentimento de pertencimento.

    Para Cris Robert, coordenador da ONG Núcleo Humanitário Nhanhá, o festival extrapola a estética e alcança o cotidiano da comunidade. “Quando a arte ocupa as ruas, ela muda o jeito que as pessoas andam, olham e se reconhecem no bairro. O Dia do Graffiti trouxe vida pra essas paredes e trouxe autoestima pra nossa gente. As crianças participaram das oficinas, conversaram com artistas de outros estados e se viram capazes de criar. Isso é transformação real”, destacou.

    O muro de dona Lourdes: memória que vira mural

    Entre os pontos mais marcantes do mutirão artístico deste ano está o muro da dona Lourdes, figura histórica do bairro e conhecida pelo “bolo de barquinho” que já virou símbolo afetivo da comunidade. Inspirado nela, foi feito um mural que conta sua história pela grafiteira Grazi Romero.

    “Fiquei emocionada quando vi eles pintando. Eu sempre gostei de cor, de inventar moda, e ver o meu barquinho voltar desse jeito tão bonito é como ganhar outro presente. A rua ficou mais alegre”, disse dona Lourdes, sorrindo diante do novo mural.

    Três dias de programação, trocas e movimento

    A abertura oficial, na quinta-feira (20), iniciou o festival com um bate-papo entre os três artistas convidados, seguido de música com DJ Murphy e quebra-torto. Na sexta-feira (21), as oficinas tomaram conta do Núcleo Humanitário, com Tia Ireny, Auá Mendes e Léo Papel ministrando atividades para todas as idades.

    O sábado (22) foi o dia mais vibrante, com mutirão de pintura nas casas, workshop de breaking, batalha de tag, feira criativa e apresentações de Becky Bee, Navalha, Suburbia, Vadios67, DJ Gabis. O festival terminou com a sessão do documentário Cine Pixo, celebrando o próprio processo de construção do Dia do Graffiti.

    O evento foi realizado em parceria com a ONG Núcleo Humanitário da Nhanhá e viabilizado pela PNAB – Política Nacional Aldir Blanc, MinC, Governo Federal, Fundação de Cultura de MS, Setesc e Governo do Estado, com apoio de ColorGin, Sherwin Williams, Vitória Tintas, Montana Colors e TransCine.

    Com informações da Assessoria

    Fotos: Cátia Santos

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    Lei Aldir Blanc

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