Corumbá (MS) – Um boneco de cabeça grande e corpo pequenininho sai percorrendo as ruas da Feira Livre de Corumbá, ao som de música brasileira, brincando e provocando as pessoas a entrar no movimento. É a performance “Cabeção pelo mundo”, que surpreendeu os feirantes e visitantes da feira na manhã deste domingo (29.05), durante o Festival América do Sul Pantanal.
Vestindo as roupas do boneco, a bailarina e pesquisadora Maria Eugênia Tita, filha dos bailarinos Antonio Nóbrega e Rosane Almeida. “As pessoas elas entram fácil na brincadeira e dançam também, e cada uma reage à sua maneira, mas todas de algum jeito participam. Eu tenho alguns movimentos que eu costumo fazer e alguns tipos de relações que eu costumo propor, mas é só isso, mas cada lugar é o que vai surgindo na hora. Mas como eu já fiz em bastantes lugares semelhantes a esse, que tem uma população que não está preparada, eu já sei um pouco do que eu posso propor ali, no momento”.
A bailarina disse que teve um momento em especial que a tocou na performance deste domingo, na Feira: “Teve um, que ele tinha uma feição de boliviano, ele estava muito tímido, mas ele estava com um sorriso muito grande. Aí eu vi que ele queria brincar, mas que ele estava na dele. Então brincar com ele, atrás dele, eu dei muita risada”.
Foi a última performance do “Cabeção pelo Mundo” neste Festival. “Foi muito gostoso, as pessoas muito acolhedoras, é um evento muito grande, a troca com os participantes do Festival é muito legal também e é sempre muito divertido”.
O casal Rosemeire Moura Aguirre, artesã, e Emanuel Pistório, ambos de Campo Grande, vieram participar do Festival. Eles ficaram encantados com a apresentação e filmaram alguns momentos. “Adoramos a apresentação, muito gostoso. Eu amei, nós nos divertimos demais. É uma mulher? Eu achei que era um homem!!! Eu perguntei o nome do personagem, ele disse que era de São Paulo! Nós estávamos lá embaixo na feira e cruzamos com ele, ele estava lá. Aí nós viemos para o outro lado e nos encontramos aqui de novo. Mas eu amei. Eu acabei de comentar com meu marido, os movimentos são muito leves, é muito bonito. É diferente”.
Dona Sonia Delgado mora na Bolívia e trabalha na feira há seis anos. Ela disse que nunca viu uma performance desta natureza passar pela Feira Livre. “Muito bonito o bonequinho, é uma diversão para as crianças. Nunca tinha visto isso aqui na feira, é a primeira vez. Olhei, e muito bonito ela dançando. Olha aí, está brincando! Está bonita! A gente quer olhar sempre coisas diferentes”.
Flávia Alarcon, professora de dança e teatro, veio a Corumbá com seu marido, Leonardo de Castro, de Campo Grande, especialmente para acompanhar as apresentações do Festival. “Nós acompanhamos o trabalho do pai dela, o Antonio Nóbrega que é um grande dançarino, e é a primeira vez que vemos as apresentações dela, nos surpreendemos bastante. Inclusive foi uma das coisas que a gente falou quando ia vir para cá, né: Nossa, a filha do Antonio Nóbrega, aí a gente já estava super curioso. É muito legal esse trabalho, esse papel machê todo, e toda essa brincadeira popular que tem nas feiras, enfim, é um resgate do teatro popular, que nós achamos que é o mais lindo”.
Maria Fernanda Figueiró, bailarina do Ginga, acompanhou a performance na Feira e achou interessante a participação do público. “Eu achei interessante que ela coloca em cena o público, enquanto pertencente a uma dança popular, o que mais me alegrou de ver foram as pessoas dançando junto, ela invertendo esse lugar do artista, e de tudo o que é mais popular, o que é mais brasileiro, que é esse caminho, essa trilha, essa coisa itinerante que é passar pelas pessoas e dar cena às pessoas, colocar as pessoas também no palco, de alguma maneira. Foi isso o que mais me encantou da apresentação”.
Fotos: Marithê do Céu