Publicado em 22 set 2025 • por Karina Medeiros de Lima •
A Casa do Artesão completou, no dia 1º de setembro de 2025, 50 anos de valorização do artesanato sul-mato-grossense. Situada em um prédio histórico e centenário que marca o crescimento da nossa Capital, a Casa do Artesão de Campo Grande é um espaço singular de comercialização do rico e diverso artesanato de Mato Grosso do Sul. O artesanato indígena está presente há mais de 30 anos, com a participação das etnias Kadwéu, Terena e Kinikinau.
Segundo a coordenadora da Casa do Artesão, Eliane Torres, o artesanato indígena é “a nossa referência cultural, é a nossa identidade, é patrimônio histórico, tudo isso envolve, por isso que temos aqui nossos artesãos indígenas presentes na nossa casa”.
A artesã Cleonice Roberto Veiga, mais conhecida como Cléo Kinikinau, expõe suas peças na Casa do Artesão, junto com as peças da sua mãe, Ana Lúcia da Costa, há um ano. São peças em cerâmica e argila, além de colares, brincos e pulseiras. Para ela, é muito importante o papel da Casa do Artesão na divulgação do trabalho indígena. “Para a gente é importante que vocês ajudem a gente a divulgar o nosso trabalho, a nossa cultura e também ajuda no custo financeiro, que isso é uma fonte de renda nossa, que muitas vezes a gente não tem um emprego fixo, não trabalha, e acaba ajudando isso para dentro de casa nossa. É muito importante, depois que a gente conheceu aí a Casa do Artesão, para a gente está sendo ótimo, está ajudando a gente, que de mês em mês, a Casa do Artesão, ela tem mandado para a gente o que tem vendido e valoriza mais o nosso trabalho. E é isso, é muito bom, muito importante mesmo para nós. Nosso artesanato Kinikinau é raro ver em lugares, mas está ajudando muito mesmo a gente”.
Creusa Virgílio, da etnia Kadwéu, disse que conheceu a Casa do Artesão há 14 anos. “Eu seguia minha mãe e minha irmã para vender cerâmica. E hoje eu continuo. Elas partiram e eu continuo na Casa do Artesão. Eu entrego peças para casa do artesão a cada 30 dias. A importância é, para mim, a mulher Kadwéu sobre a valorização do nosso estado, também é o momento de a gente divulgar e fortalecer a arte Kadwéu. O artesanato, para mim, é a renda familiar e a valorização da cultura, para que a cultura Kadwéu sempre viva e seja fortalecida em nosso estado”.
A artesã Anisia Roberto, da etinia Kinikinau, deixou seus produtos na casa do artesão pela primeira vez em abril deste ano. São peças em cerâmica, colares, enfeites com semente. “Pra mim é uma alegria ter a Casa do Artesão pra prestigiar o nosso trabalho. Eu sou ceramista e ter um lugar com a Casa do Artesão pra deixa as minhas peças que realmente vendem é satisfatório por que me ajuda muito financeiramente, significa não deixar a nossa cultura morrer e ir passando de geração a geração”.
Elizabeth da Silva é da etnia Kadwéu e trabalha com artesanato Kadwéu, que é a argila, o barro, que é extraído da própria aldeia. Ela expõe seus produtos na Casa do Artesão há mais ou menos 30 anos. “É muito importante ter esse espaço ali para a gente, porque ali não sou eu, várias etnias, várias mulheres têm o seu artesanato. Eu creio que da mesma forma que é importante para mim, eu creio que para as outras mulheres é importante esse espaço ali da Casa do Artesão. Recebeu o nosso artesanato, o nosso trabalho. Para mim é uma renda, é uma renda que muitas vezes eu já vivi só daquela renda ali da Casa do Artesão, que eu deixo minhas peças lá, que é vendido, eu recebo, e tem me ajudado bastante, eu já posso falar que essa faz parte da minha família, da criação dos meus filhos, esse artesanato. Há muito tempo eu trabalho com esse artesanato, aprendi com a minha mãe, ela também era uma pessoa que trabalhou, sempre colocou as peças dela ali na casa do artesão, aprendendo, valorizando o trabalho. Hoje, graças a Deus, tem essa porta aberta ali na Casa do Artesão para receber o meu artesanato. E de várias mulheres aqui também tem o trabalho delas ali na Casa do Artesão. Eu acho muito importante ter esse espaço ali para receber o nosso trabalho”.
A Casa do Artesão está localizada na Avenida Calógeras, 2050 – Centro, em Campo Grande (MS). O horário de funcionamento é de segunda a sexta-feira, das 8h às 18h, e aos sábados, das 8h às 14h. Para mais informações, entre em contato pelo telefone (67) 3383-2633.
Texto: Karina Lima
Fotos: Ricardo Gomes



