Publicado em 04 set 2025 • por Karina Medeiros de Lima •
A Casa do Artesão completa neste dia 1º de setembro de 2025, 50 anos de valorização do artesanato sul-mato-grossense. Situada em um prédio histórico e centenário que marca o crescimento da nossa Capital, a Casa do Artesão de Campo Grande é um espaço singular de comercialização do rico e diverso artesanato de Mato Grosso do Sul. Sua sede foi construída entre 1918 e 1923 sob as ordens de Francisco Cetraro e Pasquale Cândida, com projeto do engenheiro Camilo Boni. Foi a primeira sede do Banco do Brasil (cujo cofre é uma das atrações do local), comércio e autarquia pública. A inauguração do espaço como Casa do Artesão ocorreu em 1º de setembro de 1975. A edificação é tombada como patrimônio histórico estadual.
Eliane Torres, coordenadora da Casa do Artesão, informa que hoje a instituição conta com 11 funcionários. “Tem o setor administrativo, que fica com quatro pessoas, e fica o setor de vendas, no atendimento ao público. E também temos lá no bioparque, hoje com somente uma pessoa que está trabalhando lá no bioparque. Então, esse atendimento é feito assim. Às vezes um precisa do outro, o administrativo precisa do atendimento lá embaixo também, então um vai ajudar no outro, é assim que funciona. Mas tem funcionários de vários anos, eu tenho funcionário de mais de 33 anos que está aqui na casa, nós somos apaixonados pela casa, então quem vem trabalhar com a gente aqui se encanta porque a gente é praticamente uma família aqui, que é muitos anos de convivência, de parceria, então é muito saudável trabalhar aqui na Casa do Artesão. Então eu só tenho que agradecer a todos os meus colaboradores pela parceria, por esse comprometimento que todos tem com a casa, então é muito válido”.
Funcionário mais antigo da Casa do Artesão, Neil Costa de Mello, trabalha há 35 anos na instituição. “Nossa, é uma coisa assim que passa um filme na minha cabeça, né? Que quando eu entrei na Fundação, que eu fui lá para a casa do artesão, eu estava com 23 anos, eu acho, por aí, uma coisa assim. Quando eu comecei a lidar com os artesãos, com o artesanato, eu mudei um pouco a minha mentalidade. E aí, inclusive, eu parei meu curso, eu parei de fazer o vestibular que eu queria para Direito, para fazer para Artes Visuais. Mudou até minha carreira profissional. O que mais marcou, de todos os tempos que passaram, que já estou faltando um ano para me aposentar, são os grandes mestres artesãos que eu conheci e que já partiram, e quando eu lembro desses grandes mestres do artesanato que partiram, eu fico, assim, na nostalgia, pensando como que passou rápido isso e a arte que eles deixaram ainda tem muitos artesãos que ainda tentam manter essa tradição do artesanato, porque hoje até eu converso com o pessoal que tem que manter atenta às ofertas das oficinas de artesanato para que não venha a acabar, a morrer, porque hoje a juventude hoje está muito digital, não se interessa muito por artesanato, então eu conheci grandes mestres como o finado Júlio César, grande ceramista, o João Manuel, grande escultor, ainda temos o seu Antônio Ricci, temos o Eupídio, né, mas assim, muitas artesãs Kadwéu, Terenas que partiram também, e cada vez que morre um grande mestre desse, morre um pouco da história do nosso artesanato, mas continua porque eles deixaram discípulos, deixaram pessoas que estão tentando ainda manter essa tradição, mas eu se lembro também dos funcionários que passaram pela casa, cada um com sua história. E me sinto muito contente, feliz, porque essa casa do artesão é um ponto de referência, né, no nosso artesanato”.
Ana Paula do Nascimento Silva está na Casa do Artesão há 2 anos e meio: “Trabalhar na casa do artesão é maravilhoso. A própria casa tem um clima acolhedor, histórico. Por todos os trabalhos artesanais que existem lá, eu posso dizer que os artesãos colocam alma em tudo aquilo que eles fazem. Cada um tem a sua marca registrada, tem o seu jeitinho caprichoso, peculiar de cada um. E eu falo pra você que poder fazer parte da equipe da casa do artesão é muito prazeroso. Ainda mais agora, nesse momento maravilhoso em que a casa completa 50 anos, é gratificante, emocionante poder dizer que eu fiz parte desse marco histórico. Sou muito feliz por isso”.
Ester Alves de Souza trabalha na instituição desde 1993, já poderia estar aposentada, mas “a Casa é um lugar muito bom pra se trabalhar, a equipe é boa, nós nos conhecemos há muito tempo, isso em relação aos funcionários”. “Ali a gente sabe tudo, toma café junto, enfim, é muito, é bem legal o nosso relacionamento. Trabalhar na Casa do Artesão é maravilhoso porque você lida com o lado bom da vida. Eu sou formada em Serviço Social. Tem gente que fala, por que você não vai para a área? Por que você fica aí trabalhando no balcão? O problema não é esse. Se fosse para atuar na área do serviço social, nem sempre você vai ver o lado bom da vida, né? E eu trabalhando ali no balcão da casa do artesão, auxiliando a Eliane nas partes burocráticas, na parte administrativas, é maravilhoso. Eu conheço todos os artesãos, todos. Eu fiquei muito desenvolta para falar publicamente com a Casa do Artesão, com o atendimento ao público, porque lá você não pode ter receios e atender bem e educadamente, coisa que de princípio eu tenho, então é maravilhoso, eu adoro trabalhar na Casa do Artesão”.
Adriane Kolling é agente patrimonial e trabalha na Casa da Artesão há 18 anos. “O meu serviço é dentro do patrimônio, ficar observando, mas como aqui tem muito serviço, eu não consigo ficar parada, eu sou muito proativa, eu estou sempre ajudando, então eu faço de tudo. Eu ajudo no balcão, eu atendo nas camisetas, atendo artesão, recebo peça. Assim, eu faço de tudo um pouco. Eu ajudo em todos os setores que precisam, eu estou sempre à disposição para ajudar. Eu também sou artesã, eu faço algumas coisas, muitas coisas, eu faço crochê, eu faço embalagem de presente, eu já fiz muitos cursos na área de artesanato, pintura em tecido, pintura em vidro, então eu faço bastante coisa e a Casa do Artesão é um lugar que eu me identifiquei muito pra trabalhar, tanto é que eu tô há muito tempo, acho que por isso. Eu já peguei amor por aqui, né, pela Casa, porque trabalho aqui há tanto tempo, sou muito envolvida, posso dizer que eu visto a camisa porque eu estou sempre à disposição e faço tudo com muito carinho, porque eu sei que tem muito artesão que é muito bem e tem muito artesão que é muito humilde, então eles precisam da nossa disposição”.
Zuleide Mendes trabalha na Casa desde 2019. Ela faz atendimento, recebe as peças, faz retirada, ajuda a gestora no balancete mensal, repõe peças, faz atendimento assim em geral, vai ao depósito, organiza o depósito. “Pra mim é gratificante trabalhar na Casa, porque eu adoro lidar com o público. A gente aprende muita coisa com os artesãos. Às vezes tem coisas que eu nem sabia a respeito de artesanato aqui de Mato Grosso do Sul, e através deles eu aumentei, dos artesãos, eu aumentei o meu conhecimento. Eu tenho um grande carinho, um grande respeito pelo trabalho que os artesãos fazem e expõe aqui para a gente, então para mim é gratificante estar nesta casa”.
Maria Julia dos Santos Atilio, trabalha há cinco anos na Casa do Artesão. “Eu adoro trabalhar aqui, eu gosto de artesanato, eu faço crochê, faço amigurumi, por isso mesmo que eu vim trabalhar aqui. Eu trabalho no atendimento, no administrativo, recebendo os artesãos, fazendo o que precisa. Quando eu comecei a trabalhar aqui mudou bastante porque eu passei a conhecer o artesanato e a gostar, porque tem coisas maravilhosas aqui, eu gosto muito, conversar com os artesãos, conhecer o trabalho deles, para mim é muito bom”.
Ronaldo Chagas Corrêa trabalha há dez anos na Casa do Artesão. “Está sendo muito gratificante, né, eu estou tendo uma oportunidade de conhecer mais pessoas, me interagir bastante com as pessoas, que vão aí os turistas, né, enfim, o pessoal de trabalho também, pra mim tá sendo muito bom trabalhando na Casa Artesão, e só tenho a elogiar a Casa Artesão, ficou muito bonito depois dessa revitalização, gostei bastante, que quando eu estive aí eu peguei ela numa situação bem delicada, né, e então e já assim já tinham frequentação bastante de muita gente, né, então agora ela ficou mais, é, como que é mais em evidência agora, né, então ela tá tendo bastante visitação. Para mim tá sendo muito gratificante trabalhar na Casa, tanto para minha desenvoltura profissional quanto para minha desenvoltura pessoal, para mim muito bom, né, e é muito bom a gente lidar com o público, né, então nós pegamos o público assim de todas as faixas etárias, o público de todo o jeito, né, desde as pessoas mais calmas e pessoas mais apressadas, vamos dizer, mais assim ansiosas, né, é isso. Eu tenho um carinho tremendo, uma admiração tremenda pela Casa Artesão, pelos funcionários, colegas de trabalho”.
Texto: Karina Lima
Fotos: Ricardo Gomes