Publicado em 01 set 2025 • por Karina Medeiros de Lima •
A Casa do Artesão completa neste dia 1º de setembro de 2025, 50 anos de valorização do artesanato sul-mato-grossense. Situada em um prédio histórico e centenário que marca o crescimento da nossa Capital, a Casa do Artesão de Campo Grande é um espaço singular de comercialização do rico e diverso artesanato de Mato Grosso do Sul. Sua sede foi construída entre 1918 e 1923 sob as ordens de Francisco Cetraro e Pasquale Cândida, com projeto do engenheiro Camilo Boni. Foi a primeira sede do Banco do Brasil (cujo cofre é uma das atrações do local), comércio e autarquia pública. A inauguração do espaço como Casa do Artesão ocorreu em 1º de setembro de 1975. A edificação é tombada como patrimônio histórico estadual.
Foi realizada uma obra de restauro Casa do Artesão, que foi entregue no dia 19 de março de 2023. Como parte do projeto “Retomada MS” e investimento de R$ 2,5 milhões do Governo, a unidade passou por restauração completa, desde instalações elétricas e hidros sanitárias, a elementos arquitetônicos, banheiros, esquadrias e pintura do prédio que fica na Av. Afonso Pena esquina com a Av. Calógeras.
A Casa do Artesão também teve sua primeira filial inaugurada no dia 19 de março deste ano no Bioparque Pantanal. São 12 m² de puro artesanato sul-mato-grossense. O funcionamento é conforme o horário de funcionamento do Bioparque, de terça a sábado e feriados. Terça a sábado das 8h30 às 12h e das 13h30 às 17h30, feriado das 8h30 às 14h30. “A primeira filial da Casa do Artesão tem importância porque abre novos mercados. O Bioparque tem uma média de visitação de duas mil pessoas por dia, então isso é uma expectativa muito grande de vendas e assim gerar renda direto para os artesãos de Mato Grosso do Sul. O artesanato representa nossa cultura, e aqui, como vêm muitas pessoas do Brasil inteiro, acaba divulgando a cultura de Mato Grosso do Sul também”, diz Katienka Klain, Diretora de Artesanato e Moda da FCMS.
Sobre os 50 anos da Casa do Artesão, Katienka diz: “É com muita alegria que no dia 01 de Setembro de 2025, a Casa do Artesão de MS completa 50 anos, hoje beneficiando diretamente mais de 1000 artesãos, gerando renda direta para os artesãos. É uma grande vitória da classe dos artesãos a criação a manutenção da Casa do Artesão de MS, que antecede a própria criação do estado de MS. Hoje é dia de comemoração”.
Para o diretor-presidente da Fundação de Cultura de Mato Grosso do Sul, Eduardo Mendes, é com imensa alegria e orgulho que se celebra hoje os 50 anos da Casa do Artesão, “um espaço que é muito mais do que um ponto de comercialização: é a grande vitrine da nossa cultura popular, da criatividade e da identidade sul-mato-grossense. Quero parabenizar cada artesã e cada artesão que fazem da Casa do Artesão um espaço vivo e pulsante. Parabenizar também toda a equipe que cuida deste patrimônio com tanto zelo e dedicação, garantindo que ele permaneça de pé, moderno, restaurado e acolhedor, mas sem perder sua história”.
A gestora da Casa do Artesão, Eliane Torres, fala com muito orgulho da Casa do Artesão. “Ela é de suma importância para todos os artesãos e hoje ela assume um papel de protagonismo no artesanato regional, levando, expondo a produção cultural, dando retorno financeiro a esses artesãos, levando o nosso artesanato em feiras interestaduais. Ela é de muita importância porque é o primeiro passo, é a vitrine do nosso artesanato, é o primeiro passo que o artesão faz, então, primeiramente, ele deixa em consignação esses trabalhos e é divulgado pelo mundo inteiro”.
Lorna Dávila é artesã há 20 anos e faz índias de cabaça. Ela tem peças na Casa do Artesão desde 2005. O é sua fonte de renda e vende pro Brasil todo. “O artesanato hoje é tudo na minha vida, né, eu trabalho muito, eu atendo muitos clientes, muitos lojistas, então hoje é minha fonte de renda, praticamente hoje é o artesanato, é uma bênção na minha vida. A Casa do Artesão para nós representa um ponto de referência do nosso artesanato aqui de Mato Grosso do Sul, ela comercializa para nós os artesãos, as nossas peças, elas recebem as pessoas de fora que vem, que querem conhecer o trabalho dos artesãos do estado. A Casa do Artesão é uma referência para nós, é um ponto muito importante para nós comercializarmos e divulgarmos as nossas peças, e a gestão hoje da Casa do Artesão também, completando 50 anos, essa gestão, acho que a gestão da Eliane Torres, que está hoje administrando a Casa do Artesão, é uma das melhores que nós já tivemos na casa. A casa do artesão é tudo para nós, uma casa maravilhosa, um prédio maravilhoso, um prédio muito bonito, um prédio antigo, uma casa que foi tombada, passou por uma reforma muito grande, ficou maravilhosa, então a casa do artesão acho que é o cartão de visita dos artesãos hoje aqui no estado”.
A ceramista Helena Belalian é artesã desde 1980. Ela se lembra de muitas histórias da Casa do Artesão e tem muita história para contar: “Eu me lembro muito bem também da década de 90 e da Idara Duncan, ela era quem coordenava a cultura no estado e ela fez uma revolução na época. porque ela parou todo mundo, fechou a casa do artesão, tirou tudo que tinha e reformulou tudo, mostrando inclusive pra gente, enquanto artesão, que as coisas poderiam ser diferentes, no sentido de que a gente poderia trabalhar mais, explorar mais a produção da gente e que a gente teria um lugar perfeito para colocar o nosso trabalho. Um lugar de grande visibilidade, não só de visibilidade, mas de um lugar confortável, bonito, que combinava com as peças da gente”.
Para Helena, os 50 anos da Casa do Artesão são um grande marco na história da arte popular, do artesanato campo-grandense. “É um marco, é mais que isso, é principalmente o registro de uma história. Eu me lembro muito bem de várias coisas que tiveram por lá e me lembro muito bem de outras coisas doídas também, porque também nunca foi fácil para a Casa do Artesão se manter, sempre foi uma luta, e acho que uma luta de todas as pessoas que tiveram dentro do Estado, do poder do artesanato no Estado, sempre foi segurar a Casa do Artesão. Eu acho que ela é um marco, o projeto é muito lindo, muito bonito, o espaço é muito bonito”.
Texto: Karina Lima
Foto de capa: Marithê do Céu
Demais fotos: Ricardo Gomes