Coletivo Produza Projeções inicia comemoração de 10 anos encerrando Festival de Inverno de Bonito

  • Publicado em 22 ago 2025 • por Daniel •

  • Apresentação especial acontece neste domingo no Palco Sol a partir das 19h

    A rua pulsa. E há dez anos, o coletivo Produza Projeções tem sido o ouvido, o olhar e a memória dessa pulsação no Mato Grosso do Sul. O coletivo criado em 2015 por Cleverson de Oliveira, o Buguinha, nasceu da vontade de registrar manobras de skate, mas logo entendeu que havia muito mais a ser contado: a voz dos MCs, o traço dos grafiteiros, os beats dos DJs e a energia dos B-boys e B-girls. Este ano, celebra uma década de existência e as comemorações se iniciam com o espetáculo-manifesto Viva Rua, que estreia neste domingo (24), no Palco Sol do Festival de Inverno de Bonito, às 19 horas, abrindo a série de quatro atos que marcarão esse aniversário.

    “Mais do que os vídeos ou os eventos, o que mais me orgulha nessa jornada são as oportunidades que criamos. Skatistas que tiveram seu primeiro vídeo, MCs que gravaram seu primeiro clipe sem custo, jovens da periferia que tiveram acesso à produção audiovisual. Isso é o que fica”, afirma Cleverson de Oliveira, mais conhecido como Buguinha, fundador da Produza.

    No palco — ou melhor, na rua — o espetáculo mistura passado, presente e futuro da cultura Hip-Hop. A velha escola se faz presente com DJ Magão, Miliano, TWK, enquanto a nova geração chega com passos e energia afiada do B-boy Saka e da B-girl Aline. Nas artes visuais, Léo Mareco ocupa o espaço com lambe-lambe e shapes customizados, trazendo para a cena os rostos e símbolos das periferias sul-mato-grossenses. Ao fundo, um telão projeta imagens históricas: campeonatos de skate, batalhas de MCs, videoclipes independentes e registros que mostram como a Produza escreveu páginas da cultura de rua no estado.

    Para Buguinha, abrir a comemoração em Bonito tem um significado especial. “Bonito sempre foi uma cidade onde realizamos muitas ações. Começamos com campeonatos de skate feitos de forma voluntária, depois vieram oficinas de audiovisual, batalhas de MCs, produção artística de grupos. Essa comemoração vem de encontro com as portas abertas na cidade e abre alas para novas oportunidades”.

    No auge da performance, a cena ganha um gesto simbólico: a entrada triunfal de Buguinha. “Poucas vezes tive o privilégio de subir ao palco. Esse momento representa mostrar que além dos quatro elementos do Hip-Hop existe também o videomaker, o skatista, que contribui diretamente para a cultura”, diz ele, emocionado.

    A memória em colagens sonoras

    Parte essencial do espetáculo é a discotecagem de DJ Magão, que participa da Produza desde os primeiros dias. Foi com Buguinha, ainda nos campeonatos de skate, que ele encontrou espaço para que sua música dialogasse com a câmera. “Ele começou a filmar quando quase não existia registro da nossa cena. Participava como DJ nos eventos, ele filmava, fazia videoclipes, cobria shows do Falange da Rima. Ver a Produza crescer foi incrível. Hoje o coletivo tem estrutura, equipamentos, parcerias. E mais que isso, abriu portas para artistas que jamais conseguiriam pagar por uma produtora tradicional”, relata.

     

    No palco de Bonito, Magão fará colagens sonoras que homenageiam a velha escola do Hip-Hop, mas sem deixar de interagir com a nova geração. “Temos que saudar a velha escola, que batalhou para que essa cultura fosse o que é hoje, mas também aproximar o novo e o antigo. A Produza sempre caminhou assim, unindo forças. É gratificante fazer parte dessa história”.

    Uma década de resistência

    Os caminhos da Produza nunca foram fáceis. “A maior dificuldade sempre foi o acesso a equipamentos. No início a gente fazia rodízio com câmera emprestada de amigos. Para continuar, criamos conteúdos, firmamos parcerias e fomos ampliando as cidades em que atuávamos”, lembra Buguinha. Dourados, Corumbá, Amambai, Ponta Porã: em cada lugar, a Produza deixou uma marca.

    A pandemia foi outro desafio, mas também um laboratório. O coletivo apostou em lives e manteve a cena ativa mesmo em tempos de isolamento. Entre produções independentes, oficinas de audiovisual, eventos como o Produza Day e o Produza Cine, a trajetória se consolidou como um registro vivo da cultura Hip-Hop no estado.

    Agora, ao completar 10 anos, o coletivo sonha mais alto. “Os próximos passos são reunir e exportar tudo o que passamos nessa jornada. Estamos realizando documentários, planejando exposições de vídeo e foto, oficinas para jovens da favela da capital. A mensagem que deixo para a juventude é: independente do que você tenha, produza o seu melhor, sempre. A oportunidade que você gera pode se transformar em grandes possibilidades”, resume Buguinha.

    Para mais informações acesse o Instagram da Produza Projeções (@produzaprojeções) e para conferir alguns trabalhos do coletivo acesse o canal do YouTube https://www.youtube.com/@produza8454 e o Facebook https://www.facebook.com/produzafilmes.

    Quatro atos de celebração

    A comemoração dos 10 anos da Produza Projeções será dividida em quatro momentos:

    24 de agosto de 2025, no Festival de Inverno de Bonito (Palco Sol) – com o espetáculo Viva Rua, a partir das 19h;
    setembro, no Japa Conveniência;
    outubro, durante a Feira Ziriguidum;
    novembro, no Degrau Estúdio, encerrando o ciclo.

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