Campo Grande (MS) – Frequentadores do Instituto Sul-Mato-grossense para Cegos Florivaldo Vargas, estiveram presentes na tarde de hoje (3), no Museu da Imagem e do Som de Mato Grosso do Sul para assistirem ao documentário “Soldado Negro. Barra de Aroeira: Comunidade Remanescente da Guerra do Paraguai”. A novidade é que a unidade da Fundação de Cultura de Mato Grosso do Sul (FCMS) conseguiu promover o acesso à cultura audiovisual às esses deficientes visuais, por que a obra foi exibida com a audiodescrição.
O público presente pôde acompanhar essa produção que retrata a memória social e histórica da comunidade da Barra da Aroeira, no município de Santa Tereza – fronteira com o corredor ecológico do Jalapão.
A origem da comunidade da Barra da Aroeira foi iniciada com o patriarca de uma família, chamado Felix José Rodrigues. Ele foi um escravo e teria recebido a área de D. Pedro II, como recompensa por ter lutado na Guerra do Paraguai (1865-1970). A comunidade cresceu com a chegada de parentes de Rodrigues e também pelo nascimento de seus filhos. Atualmente, o local tem cerca de 180 pessoas. A informação é da professora de História da UFT, Rosy de Oliveira, que diz ainda que a comunidade tem muito orgulho de sua história, mas um problema de ordem prática: existe a falta do documento de posse das terras, que desapareceu.
A comunidade enfrenta luta na justiça pela posse da área, que hoje não tem a mesma delimitação que tinha à época de Felix José Rodrigues. Na opinião de Rosy de Oliveira, seria mais fácil conseguir a posse definitiva se a comunidade se considerasse remanescente dos quilombolas, o que não ocorre. Eles se orgulham de não serem remanescentes de grupos que fugiram de fazendas para formarem quilombos, mas daqueles que participaram da Guerra do Paraguai e, por isso, receberam a terra.
O documentário, que tem 18 minutos, é resultado do trabalho de Rosy de Oliveira, juntamente com o coordenador do Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros (Neab), Antonio L. Pires e do representante do Ponto de Cultura Tambores do Tocantins, José Iramar da Silva. Um dos objetivos da produção é criar um momento em que a comunidade da Barra da Aroeira se abra para falar um pouco dessa história.
Virgínio de Apolinário identificou-se com o documentário por ser um descendente de quilombola. “Nasci na Comunidade Quilombola Furnas do Dionísio daqui de Mato Grosso do Sul, e por isso, gostei muito do que assisti”, afirmou.
Outros frequentadores do Ismac também comemoraram a iniciativa do MIS-MS. “É importante que todos os cinemas saibam que existe a audiodescrição e comecem a exibir os filmes com esse recurso para nós. Começamos a assistir aos vídeos com audiodescrição aqui no MIS-MS e nosso desejo é que este serviço seja ampliado a outros lugares”, finalizou a deficiente visual Luzia Santana.