Publicado em 23 ago 2025 • por Daniel •
Em meio ao crescente desafio da poluição plástica, um projeto vem ganhando destaque por unir sustentabilidade, arte e educação ambiental. Como parte das atrações do Festival de Inverno de Bonito que acontece entre os dias 20 a 25 de agosto, o SIRI (sustentabilidade, interatividade, reciclagem e integração) nasceu com o propósito de dar nova vida ao lixo plástico, como tampinhas, rótulos, potes de requeijão e copos descartáveis, transformando-o em esculturas cenográficas gigantes.
Nesta edição do FIB 2025, o projeto apresenta três imponentes esculturas do Pantanal, o jacaré, a arara azul e a capivara, todas confeccionadas a partir de plástico reciclado. Com mais de três metros de altura, essas obras não apenas embelezam o evento, mas também provocam reflexão sobre o uso consciente do plástico e a urgência da preservação ambiental.
A escultura da capivara, por exemplo, foi criada a partir de brinquedos infantis fora de uso, tampas de embalagens de açaí, placas plásticas e latinhas de refrigerante prensadas, com uma colagem de resíduos transformados em arte. Já o jacaré impressiona, inteiramente feito de pneus reaproveitados.
Além das esculturas, o projeto oferece oficinas interativas com maquinário de reciclagem caseiro, como a bicicleta trituradora, injetora e prensa, onde os visitantes podem acompanhar o processo de transformação do plástico e até levar brindes feitos na hora. O trailer do grupo funciona como um laboratório itinerante de consciência ambiental, levando a mensagem da reciclagem para o público.
A matéria-prima vem de coletas realizadas no litoral de São Paulo, onde são recolhidos cerca de 600 kg de plástico por ano, além de doações de colaboradores e parceiros que se mobilizam pelas redes sociais. O material é levado ao galpão do grupo em que eles carinhosamente apelidaram de “a fantástica fábrica de plástico”, onde a mágica acontece. O passo a passo começa pela triagem separando os plásticos por cor e tipo, trituração, prensagem na prensa elétrica, e finalmente, a criação de chapas que dão forma às esculturas e produtos.
Entre os admiradores das obras de arte está Dulcineia Figueiredo, de 45 anos, bonitense e participante assídua do festival há vários anos. “Essas esculturas são muito legais, porque são feitas com lixo. E o lixo virou arte. Ano passado já tinha o peixe e a onça. Agora tem a arara, que é nova. Achei tudo muito interessante, porque eu adoro reciclar. Sou artesã e faço instrumentos de madeira”, destaca Dulcineia.
Acompanhada do neto Daniel, ela destaca a empolgação do menino com as esculturas: “Ele adora! Assim que chegou, entrou na boca desse bicho e já quis tirar foto com todos, com o peixe, com a arara, com cada um. A primeira coisa que ele viu foi a arara, e longe ainda e já disse: ‘Olha a arara!’”..
Raika Marinho, 41, farmacêutica, mora há dois anos em Bonito e falou um pouco da sua experiência com os monumentos recicláveis. “Eu achei incrível. Achei muito interessante essa questão de resgatar o lixo para criar um monumento como aquele é uma forma de conscientização, na verdade. Como eu estava dizendo, já trabalhei com artesanato. Então, essa ideia de pegar algo que normalmente seria descartado e transformar em algo que as pessoas admiram é realmente incrível”, destaca Raika.
Ela ainda complementa: “É uma obra de arte, porque exige dedicação, tempo, e você precisa abrir mão de outras coisas para se empenhar naquilo. E é fantástico ver as pessoas tirando fotos, postando, né? Eu acho muito legal. Penso, por exemplo, que a humanidade não está perdida. Se nem todo mundo está focado só em destruir, é sinal de que ainda há pessoas preocupadas de verdade com o meio ambiente”.
Um olhar para o futuro
De acordo com Marco Zarif, de 31 anos, sócio idealizador do projeto, o principal objetivo do projeto é conscientizar a respeito do uso do plástico, para que mudanças pequenas aconteçam.
“A poluição de plástico é um dos maiores problemas do mundo. O plástico é um material que a humanidade criou, que não é natural, vem do petróleo e demora muito pra degradar. Vai rolar uma transição para materiais equivalentes, com fontes renováveis e biodegradação mais rápida, mas isso vai demorar. Nessa transição, ainda vamos usar plástico do petróleo. A ideia é trazer conscientização para reciclagem, e um dia esse material vai deixar de existir como embalagem. Fazer essa limpeza mundial ainda vai levar muito tempo, então a gente tenta fazer nossa parte e trabalhar o começo das novas gerações”, frisa Marco.
A presença do SIRI já tem sido um marco no evento. Em 2024, o projeto apresentou esculturas de alguns animais típicos do Pantanal como o tuiuiú, a onça-pintada e o peixe piraputanga, que foram incorporadas ao acervo da cidade após pedido da prefeitura. Em 2025, a coleção cresceu com três novos gigantes cenográficos: jacaré, arara e capivara, todos com mais de três metros de altura.
Para mais informações acesse o site: mscultural.ms.gov.br
Bel Manvailer – Ascom/FIB
Fotos: Ricardo Gomes – Ascom/FIB