Publicado em 23 ago 2025 • por Daniel •
Plateia lotada celebrou clássicos e novidades em show transmitido ao vivo para todo o Mato Grosso do Sul
Na sexta-feira (22), o Festival de Inverno de Bonito 2025 viveu uma de suas noites mais aguardadas. A banda sul-mato-grossense Uskaradakombi abriu a noite com um espetáculo vibrante de folk pantaneiro, no Palco Lua, e em seguida Samuel Rosa levou o público ao delírio em sua primeira apresentação na cidade.
Formado em 2023, o grupo Uskaradakombi conquistou espaço na cena local ao transformar uma Kombi em palco móvel para suas apresentações e levar música a diferentes lugares. No Festival, eles mostraram porque vêm se destacando: arranjos vocais harmonizados, carisma no palco e uma proposta que mistura sucessos populares e identidade regional.
O quarteto é formado por Matheus Ortiz (violino e bandolim), Douglas Dakombi (violão e gaita), Flavio Ottoni (bateria e percussão) e Xandão Ourives (contrabaixo elétrico), todos revezando entre as vozes. No repertório, músicas autorais como Amor Sem Sol dividiram espaço com releituras de clássicos de Renato Teixeira e Almir Sater, além de versões folk de sucessos internacionais como Counting Stars, do One Republic, e Too Sweet, do Hozier. A plateia reagiu com entusiasmo, especialmente quando o grupo apresentou a romântica Meiga Senhorita, um hit regional de Zé Geraldo.
Na sequência, o DJ Zagallo assumiu o comando do Palco Lua com um set repleto de batidas dançantes. A apresentação funcionou como uma ponte entre o folk da Uskaradakombi e o pop-rock de Samuel Rosa, mantendo o público aquecido e criando uma atmosfera de celebração.
Emoção – Em seguida, e sob muita emoção, foi a vez de Samuel Rosa, ex-vocalista do Skank, se apresentar. Grande estrela da noite, o mineiro presenteou o público com um repertório que mesclou clássicos que marcaram gerações, parcerias históricas e novidades do trabalho solo.
Em mais de três décadas de carreira, Samuel já percorreu os quatro cantos do país com sua música, mas a noite em Bonito carregou um sabor especial. “Estar aqui pela primeira vez é muito estimulante, ainda mais sentindo a energia da cidade e da plateia. Isso fomenta a cultura e mostra como o Brasil é diverso e rico”, afirmou.
A recepção não deixou dúvidas. Logo nos primeiros acordes de É Proibido Fumar e Três Lados, o público já respondia em coro, transformando o Palco Lua em um imenso coral a céu aberto. Samuel interagiu intensamente com a plateia, relembrou histórias e destacou a alegria de ser abordado nas ruas da cidade durante o dia: “Pena que demorou tanto para eu vir até aqui”, confessou.
Fazendo história – A apresentação percorreu diferentes fases da trajetória do cantor mineiro. Sucessos como Te Ver, Ainda Gosto Dela e Acima do Sol ajudaram a contar a história musical de Samuel e dividiram espaço com faixas mais recentes, como Flores da Rua, que integra seu trabalho solo. As composições assinadas por ele e por Nando Reis marcaram alguns dos momentos mais emocionantes, em Dois Rios, Sutilmente e Resposta, cantadas em uníssono pela multidão.
Houve também espaço para homenagens e experimentações. Samuel relembrou a parceria com o Ira! em Tarde Vazia e incluiu no repertório canções que marcaram a cena brasileira, como Onde Você Foi Morar, do Cidade Negra. Admirador confesso dos Beatles e fortemente influenciado por Paul McCartney, o artista surpreendeu ao inserir um trecho de Ring the Bell entre uma música e outra, detalhe captado pelos fãs mais atentos. A cada canção, a conexão com o público se renovava. Em Jackie Tequila, convidou a plateia a fazer uma coreografia inspirada no balanço dos rios de Bonito, enquanto em Vou Deixar viu a multidão assumir os vocais.
No bis, o clima intimista tomou conta com Rio Dentro do Mar, cantada sob as lanternas acesas dos celulares. E o encerramento com Garota Nacional, de 1996, coroou a noite com nostalgia e euforia. Mais de 20 mil pessoas, segundo a Polícia Militar, estiveram presentes no show.
Entre os milhares de espectadores, histórias se cruzavam em torno da música. A assistente social Rose Staut, de Dourados, viajou mais de 300 quilômetros para realizar um sonho. “Eu organizei tudo para estar aqui hoje, trouxe minha mãe de 90 anos, minha irmã e meu cunhado. Sou fã desde o começo da carreira dele. Saio emocionada, porque não está sendo fácil estar aqui, por questões pessoais. Mas assistir a esse show teve um peso maior, um valor que ninguém imagina”, contou, com os olhos marejados.
A noite também marcou a primeira transmissão ao vivo do festival pela TV, levando a energia de Bonito para todo o estado por meio da TV Morena, afiliada Globo local. A mistura de público local, turistas e fãs vindos de outras cidades e até de outros estados reforçou o papel do evento como motor cultural e turístico da região.
Entre a diversidade pantaneira que abriu a noite com a banda Uskaradakombi e o espetáculo de Samuel Rosa, o Festival de Inverno de Bonito reafirmou sua vocação: transformar a cidade em palco de encontros que unem gerações, celebram identidades e mostram que a cultura pode pulsar em todos os cantos do país.
FIB 2025 – Até domingo (24), Bonito será palco de apresentações de música, dança, teatro, literatura, moda, artes visuais e gastronomia. Os quatro palcos principais: Sol, Águas, Futuro e Lua, receberão artistas regionais e nacionais. O festival reafirma ainda valores de acessibilidade e sustentabilidade, com tradução em Libras, gerenciamento de resíduos, plantio de mudas e ações de educação ambiental.
Para mais informações e a programação completa, acesse: https://mscultural.ms.gov.br/festival/festival-de-inverno-de-bonito/
texto: Evelise Couto – Ascom/FIB
fotos: Ascom/FIB