Exposição das obras de Lidia Baís no MIS é sucesso de público

  • Publicado em 23 jul 2025 • por Karina Medeiros de Lima •

  • A exposição “As várias faces de Lidia Baís”, em comemoração aos 125 anos de nascimento da artista, atingiu mais de mil visitantes. O público pode conferir a exposição no Museu da Imagem e do Som até o dia 30 de agosto.

    A exposição traz as principais obras de Lidia Baís que estão sob responsabilidade do MARCO – Museu de Arte Contemporânea.

    Para o coordenador do MIS, Marcio Veiga, o grande número de visitantes demonstra a importância da obra de Lidia Bais e o interesse das pessoas conhecerem   a genialidade e originalidade da artista. “A Fundação de Cultura amplia o período de visitação até o dia 30 de agosto em comemoração ao mês do patrimônio. Lembrando que a obra de Lidia Baís hoje está na salvaguarda do Museu de Arte Contemporânea e faz parte do Projeto Circula Marco”.

    A coordenadora do Sistema Estadual de Museus de Mato Grosso do Sul, Cristiane Almeida de Araújo Freire, confirmou que a exposição “As várias faces de Lídia” é um evento cultural imperdível que acaba de chegar ao expressivo número de mil visitantes. “Lídia Baís, nascida em 1900, foi e continua sendo um dos maiores expoentes das artes sul-mato-grossenses. Eu digo ‘das artes’ porque ela era uma multiartista, que desenhava, pintava, esculpia, compunha e gravava suas próprias músicas. Vale a pena vir ao MIS – Museu da Imagem e do Som de Mato Grosso do Sul para ver de perto um pequeno recorte do maravilhoso acervo dessa artista incrível, nesse ano em que celebramos os 125 anos de seu nascimento”.

    Sobre Lídia Baís

    Lídia Baís é uma das mais importantes figuras femininas das artes plásticas de Mato Grosso do Sul. Entre seus inúmeros méritos está sua luta em se fazer arte apesar das limitações que sua terra natal a impusera. De família italiana, nasceu em 1900 em Campo Grande quando esta era apenas um vilarejo.

    Desejosa de livrar-se de seu isolamento cultural e com o apoio inicial de sua família, Lídia Baís começou no Rio de Janeiro seus estudos em pintura com o célebre Henrique Bernardelli e são desta fase suas obras mais acadêmicas, embora flertasse com as novidades trazidas pela Semana de Arte Moderna em São Paulo, o que é evidenciado no conjunto de sua obra.

    Com a sua viagem à Europa em 1927, Lídia entrou em contato com grandes pintores e conheceu Ismael Nery, considerado o primeiro artista surrealista do Brasil, cuja obra e amizade a influenciariam para sempre. De volta ao Rio de Janeiro, retoma seus estudos com os irmãos Bernardelli e Osvaldo Teixeira e realiza exposição individual na Policlínica do Rio em 1929.

    Incompreendida e sob pressão da família retorna a Campo Grande, onde restavam às moças os afazeres domésticos e o casamento. Suas ideias e seus trabalhos iam além da compreensão e da sensibilidade do povoado. Sentindo-se enclausurada deu início a pintura de alegorias no sobrado de sua família. Com a morte trágica do pai e um ambiente cultural hostil, Lídia se enfraquecia dia após dia. Buscava em Deus, no mistério dos astros e em questões existenciais o impulso para suas telas. Seu mundo abstrato e o universo de suas emoções, expostos no conjunto de escritos, diários, desenhos e pinturas, são documentos reveladores de muitas Lídias. A sua busca incessante por uma estética própria e pelo sentido do mundo faz de Lídia uma artista insaciável.

    Nas religiões buscou também o conforto, e da arte, que entendia como essencial e sagrada, desejava a liberdade. Determinada e guerreira buscou apoio para implantar um museu de arte em uma Campo Grande sem luz elétrica. A dimensão política e a ousadia deste ato de Lídia em plena década de 1950 não podem ser ignoradas. Não chegou a concretizar o sonho do Museu Baís, mas nunca deixou de acreditar na importância e na força da arte. Hoje, sua profecia está sendo cumprida a passos lentos graças aos esforços de pessoas, que como Lídia no passado, lutam para que a arte e a cultura sejam consideradas fundamentais na construção de uma sociedade.

    Resignou-se a sua terra natal cerrada em si mesma, porém tinha esperança na compreensão futura de sua obra. Morreu no dia 19 de outubro de 1985, com esclerose e sozinha em uma casa repleta de animais e obras de arte encaixotadas, com poucas companhias fiéis, entre elas a de sua sobrinha Nelly Martins, que antecipando o futuro, promoveu exposições quando a artista ainda estava viva e, com a ajuda de familiares, organizou e doou todo seu acervo à Fundação de Cultura de Mato Grosso do Sul. O Museu de Arte Contemporânea de Mato Grosso do Sul sente-se honrado com a salvaguarda, desde 1991, do precioso acervo de Lídia Baís.

    A exposição, com entrada franca, vai até o dia 30 de agosto e fica aberta à visitação de segunda a sexta, das 7h30 às 17h30, no Museu da Imagem e do Som, que fica no 3º andar do Memorial da Cultura e da Cidadania, na Avenida Fernando Corrêa da Costa, 559, Centro.

    Texto: Karina Lima

    Foto: Ricardo Gomes

    Categorias :

    Artes Visuais

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