Publicado em 22 ago 2025 • por Daniel •
O Festival de Inverno de Bonito trouxe para o Palco Sol na Praça da Liberdade na noite desta quinta-feira (21) uma performance de Ballroom. Ballroom é um movimento cultural e artístico de resistência política e expressão para a comunidade LGBTQIAPN+ preta e latina, originário dos Estados Unidos na década de 1970. Caracteriza-se pelos “ballrooms”, competições que unem desfiles, dança e performance para afirmar identidade e criticar a sociedade. As “houses” são famílias escolhidas que oferecem apoio mútuo, e o movimento é um espaço de acolhimento, celebração da diversidade e luta contra a marginalização.
A grande anfitriã da noite, a Condesa, Afrodite Fetake, faz parte da comunidade ballroom na Hands Up, que é a primeira casa da cultura ballroom da América Latina. “O pessoal conhece muito a ballroom através dos movimentos, a partir da dança, das linguagens, mas a gente precisa sempre lembrar que a ballroom é uma cultura, e uma cultura composta, criada por e para pessoas trans, negras e dissidentes de forma geral. Ela nasce no Harley em 1960, 1970, que vinda cá. Ela é represária de jogar toda a população dissidente para a margem, nessa margem a gente se encontra e juntas a gente cria arte, cria moda, cria cuidado, uma tecnologia de cuidado, de moda, de dança, de performance, de saúde, uma tecnologia de pertencimento, de certa forma”.
Condessa Afrodite Fetake explica que dentro da cultura Ballroom tem muitas movimentações e ela se movimenta ao longo de todo o ano com diversas ações, de rodas de conversa, treinos, preparações. E a grande celebração chama Ball, que é o evento, que é o baile de certa forma. “O baile é onde a gente leva as nossas famílias para poder caminhar e mostrarem o que elas melhor têm. Seja a sua beleza caminhando em categoria de estética, chega a sua dança caminhando em categoria de dança, seja o seu autocuidado. E aí esse baile, essa Ball, ela é como se fosse uma competição, a gente abre categorias e as pessoas caminham. Então a gente vai trazer esse momento Ballroom, a gente traz para o palco do Festival de Inverno de Bonito”.
Nala Skiills Como se chama Skill é mother da House of Skills, ela é da comunidade de Ballroom desde 2021. “Hoje eu vim fazer parte junto com a comunidade Ballroom, eu vim fazer, eu vou defender algumas categorias como realness, elipsing performance, running também, eu sou atual mist também, tenho as publicidades do material do sul, então eu vim trazer um pouco da cultura Ballroom, da passarela, tudo pelo Festival de Bonito. Hoje em dia a gente começou a evoluir bastante, a cultura tem andado muito, muito, e aí tá muito avançada, e aí a gente vê que aqui esse ano e ano que vem a gente continua avançando, avançando muito mais”.
Outra participante, Zuri Hands Up, é filha da Pioneer House Hands Up MS, que é a primeira casa dedicada à performatividade de Ballroom em Mato Grosso do Sul. “Meu papel é fomentar a cultura Ballroom dentro da casa junto com as minhas outras irmãs, né? Então a gente faz ações de acolhimento, ações relacionadas à saúde, a pauta trans. Hoje o meu papel é representar duas categorias que a gente normalmente tem das nossas balls, que é a categoria de Face, que é uma categoria destinada ao empoderamento, principalmente de pessoas trans, periféricas e latinas, corpos dissidentes. É uma categoria que traz o resgate à beleza, porque muitas vezes esses corpos têm isso negado, né? E a categoria de Lip Sync, que além de atuar com tudo a ballroom, também atua com LGBT como drag queen. No estado a gente tá alcançando muitas portas, ainda é muito difícil, principalmente pelos corpos que ocupam a cena ballroom, mas a gente tá tendo grandes avanços, a gente tá tendo acesso à leis de incentivo agora, a gente já consegue chegar nos espaços e as pessoas saberem do que estão falando”, finaliza.