Publicado em 21 ago 2025 • por Daniel •
Com o propósito de ampliar a inclusão e difundir o conhecimento por meio da Libras (Língua Brasileira de Sinais), a oficina “Literatura em Libras” trouxe ao Festival de Inverno de Bonito 2025 adaptações de contos infantis sob a perspectiva da literatura surda.
Realizado entre os dias 20 e 25 de agosto, o Festival de Inverno de Bonito promove atividades que aproximam a literatura das pessoas surdas, incentivando o ensino da Libras como primeira e segunda língua. A proposta contribui para práticas pedagógicas mais inclusivas nas escolas e para o fortalecimento da cultura surda.
Segundo a ministrante da oficina, pessoa surda, Alessandra Souza, 39 anos, professora da Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD), o projeto surgiu da necessidade de adaptar os materiais antes de utilizá-los em sala de aula:
“A oficina é para promover mais inclusão dentro das escolas. É um pouco confuso ensinar apenas com o texto escrito para os surdos. Primeiro é preciso adaptar, e a oficina vem justamente com esse propósito: organizar metodologias e torná-las mais acessíveis.”
Além da oficina, a presença de intérpretes de Libras nos shows tem sido outro destaque do movimento de inclusão promovido pelo festival. Alessandra relata como a prática inclusiva é tão importante para a comunidade surda.
“Quando eu era mais jovem, ia a shows e nunca tinha intérprete. Eu via todo mundo cantando, dançando, feliz, e eu, surda, ficava em silêncio, sentindo falta de algo. Eu sei dançar, sei me movimentar, mas não entendia as palavras. Agora, com os intérpretes, tudo mudou. Ontem, no show, foi emocionante: eles acompanhavam o ritmo da música, traduzindo em Libras. Eu consegui compreender tudo e fiquei muito feliz”.
Felipe Sampaio, 25 anos, coordenador de Ações de Acessibilidade do Festival de Inverno de Bonito, reforça a importância da oficina para a valorização da cultura surda:
“Quando pensamos em trazer a Oficina de Literatura em Libras, nosso objetivo era fortalecer as ações de acessibilidade do festival, mas também destacar a literatura como ferramenta de inclusão. A Alessandra, nossa professora surda, apresentou dados e estratégias para adaptar contos infantis à Libras, além de trazer a perspectiva surda sobre poesia e cultura. É essencial ter pessoas surdas ocupando esses espaços, compartilhando suas histórias e trajetórias. Isso não apenas promove inclusão, mas também gera pertencimento quando alguém conta sua vivência, ela se reconhece e é reconhecida dentro da acessibilidade cultural.”
A oficina e as ações de acessibilidade cultural propostas pelo festival reafirmam o compromisso com a diversidade, mostrando que a arte e a cultura se tornam mais ricas quando todos podem participar plenamente.
Para mais informações e a programação completa acesse o site mscultural.ms.gov.br
Texto: Bel Manvailer – Asscom/FIB
Fotos: Asscom/FIB