Campo Grande (MS) – Começou hoje (16), às 14 horas, na Sala Rubens Corrêa do Centro Cultural José Octávio Guizzo, a 9ª edição da Semana Pra Dança 2015. Artistas do setor e representantes da sociedade civil e do poder público se reuniram para realizar um diagnóstico apontando os pontos fortes e fracos da área para a elaboração do Plano Setorial Estadual da Dança.
O secretário de Cultura, Turismo, Empreendedorismo e Inovação (Sectei), Athayde Nery, esteve presente na abertura do evento e agradeceu a todos os participantes. “A Secretaria agrega muitas áreas, cultura, turismo, ciência e tecnologia, economia criativa, empreendedorismo e inovação. Estamos construindo um processo para que essas águas se reúnam e isso exige políticas públicas de Estado. Esse é o nosso desafio com a Semana Pra Dança, construir esse protagonismo, como já fizemos com o teatro na Mostra Boca de Cena”.
A secretária adjunta da Sectei, Andréa Freire, falou aos presentes sobre sua ligação com a dança. “Aos 14 anos a dança influenciou muito a minha vida por causa de uma amiga do Pantanalha Dança. Eu presenciava os espetáculos, as cenas, o ensaios, tudo isto me fascinava. Eu vivenciava o processo da dança, o significado da dança. As discussões de hoje são para avaliarmos como a arte chega até a população, os aspectos que temos que considerar no setor da dança. A Semana é para isso”.
A superintendente de Economia Criativa da Sectei, Cláudia Medeiros, explicou que em 2013 foram realizadas escutas nos municípios dos quatro territórios em que foi dividido o Estado para elaboração do Plano Estadual Cultural. Depois foi realizado um Fórum e foi dado um prazo de 30 dias para que as pessoas enviassem suas colaborações. Foi feita uma pesquisa sobre a situação da gestão da dança, os equipamentos musicais pra dança nos municípios. “Agora, a ideia é criar os planos setoriais de cada área da cultura dentro do Plano Estadual Cultural”.
Os trabalhos foram iniciados pela gerente de Projetos Culturais da Prefeitura de Santo André (SP) e coordenadora do Plano de Gerência de Projetos de Santo André, Simone Zárate. Os participantes foram divididos em grupos para discutir os pontos fortes e fracos da situação da dança hoje no Estado. Acompanhou também as atividades o consultor e pesquisador independente em gestão cultural e diretor da Projecta, André Fonseca, de São Paulo.
Os pontos positivos apontados pelos grupos foram: existência de editais de dança no Estado; programas continuados de dança; parcerias com universidades (UEMS e UFGD); existência de espaços públicos para a dança; diversidade de manifestações culturais no Estado; quantidade de pessoas praticantes da dança em Mato Grosso do Sul; existência de programas da Fundação de Cultura de MS (FCMS) para circulação da dança pelo interior; projetos de dança e espetáculos na Capital; Estado é rico em qualidade artística; produção e criação maior em Campo Grande; aproximação da FCMS com a classe da dança; a FCMS é atuante; diálogo da FCMS com a sociedade civil; graduação em Artes Cênicas (teatro e dança – UEMS); algumas iniciativas contemporâneas em algumas redes – trabalhos colaborativos, união de grupos dividindo espaços; artistas promovem troca de informações (Campo Grande); iniciativas em ocupar espaços alternativos da cidade; a dança é um campo promissor em Mato Grosso do Sul.
Os pontos negativos diagnosticados foram: ação permanente para a dança, alguns programas para dança; ausência de circulação da produção local de dança e de espetáculos de fora do Estado; ausência de projetos continuados que contemplem a dança; formação profissional, acadêmica e artística do bailarino; ausência de ações de formação artística continuada; insuficiência de formação/habilitação profissional; falta de escolas livres de artes integradas; ausência de ações ou programas de sensibilização artística – artes integradas – para crianças e adolescentes; pouca articulação para trocas artísticas; ausência de políticas para ocupação dos espaços públicos; insuficiência de capacitação técnica para os funcionários públicos e produtores; ausência de equipamentos culturais, técnicos e infraestrutura adequada; centralização em Campo Grande; ausência de parceria entre poder público e iniciativa privada; insuficiência de memória e preservação da dança; pouca comunicação entre o governo estadual e as prefeituras do interior; falta de diálogo do poder público com o setor da dança; deficiência de informação, divulgação dos eventos de dança para os municípios; acomodação e dependência dos recursos públicos; preconceito e desvalorização da área; mercado de trabalho deficitário com poucas oportunidades; poucos editais – o artista não é valorizado economizamente; falta de infraestrutura no interior do Estado; falta de parâmetros da classe para estabelecer valores de remuneração e cachês.
Bailarino e professor de dança em Rio Negro, Make Henrique de Souza Alves afirma que em seu município a dança começou a ser valorizada a partir de 2013. “A Fundação de Cultura nos ajuda, atende nossos pedidos de editais. Acho que muitas coisas acontecem em Campo Grande que não são divulgadas no interior. O poder público deve agregar mais os municípios menores, convidar mais os grupos do interior para participar dos festivais e mostras estaduais. Já temos o Efeito Hip Hop e a Cia do Mato, que passaram por Rio Negro”.
Sobre o Plano Setorial ele afirma: “O Conselho Setorial valoriza nossa classe, é um incentivo imenso para nossa área. A dança tem toda uma história para se contar. Aqui está acontecendo uma reunião de várias pessoas da dança para se chegar a um consenso, falando a mesma linguagem”.
Mayara Martins, de Aquidauana, que tem um Studio de Dança que leva o seu nome, afirma que o Plano visa principalmente discutir a dança, unir a classe, ouvir e ser ouvida, aprender a fazer o planejamento para ser cumprido. Também fazer a troca entre a capital e o interior, formação de público e mais iniciativas de dança para Aquidauana.
“Que eu conheço sou a única pessoa que trabalha em Aquidauana com a dança, clássica, sapateado e jazz. Falta uma comunicação maior com a administração municipal e a estadual para levar iniciativas para o meu município. É necessária a união da classe com a gestão pública para este setor da dança crescer, e criar o Plano Setorial como um plan de ação para agir”.
Amanhã, domingo (17), as discussões sobre o Plano Setorial da Dança continuam, às 14 horas, na Sala Rubens Corrêa do Centro Cultural José Octávio Guizzo. Será apresentado o cenário que foi discutido neste sábado e, a partir dele, serão elaboradas propostas para o setor da dança no Estado.