Tereré Literário homenageia Hélio Serejo e celebra cultura da erva-mate

  • Publicado em 14 ago 2025 • por Marcio Rodrigues Breda •

  • Entre causos e descobertas, música boa e goles de tereré, a Biblioteca Dr. Isaias Paim, da Fundação de Cultura de Mato Grosso do Sul, rememorou detalhes da vida e da obra de um dos grandes representantes da cultura sul-mato-grossense: Hélio Serejo.

    Durante Tereré Literário – Em Memória à Hélio Serejo, realizado na tarde desta quinta-feira (14 de agosto), os participantes conheceram em detalhes como o escritor traçou, entre contos, lendas e estórias, aspectos das relações sociais e econômicas no Sul de Mato Grosso durante o ciclo da erva mate que ainda marcam profundamente o modo de vida regional.

    A abertura contou com a música sul-mato-grossense de Gerson Douglas, que traduziu em sua sanfona os ritmos que, assim como a erva mate, somam. Vanera, polca e chamamé deram o tom para o debate que abrange fronteiras e suas gratas transposições.

    O arte educador e contador de histórias Ciro Ferreira, estudioso das obras de Hélio Serejo, explicou como sua admiração nasceu e do seu encontro com o cronista e escritor. “Um grupo de colegas da Fundação de Cultura foi pesquisar sobre as lendas do Mato Grosso do Sul. E a gente encontrou livros, eram quatro ou cinco livros, sobre o folclore brasileiro na livraria Hamurabi, na 13 de maio, uns 30 anos atrás. E descobrimos mais sobre a lenda da erva mate e Hélio Serejo, que era daqui do Estado”.

    Segundo Ciro Ferreira, o historiador Hildebrando Campestrini, à época, conseguiu marcar um encontro entre os leitores e Hélio Serejo. “Ficamos maravilhados de conhece-lo, além das histórias. E ele falava que já tinha sido traduzido para várias línguas, tinha livros vendidos em Londres, mas aqui estava praticamente desconhecido”, revela, apontando sobre a importância de manter em destaque a gigantesca obra do autor.

    Helita Serejo, filha do autor, destacou um dos livros que revelam os passos do pai pelas letras: Os treze pontos de Hélio Serejo, de Alpídio Reis, biografia escrita em 1980. “Ele alcançou seus treze pontos. Todos pontos da vida, de conquistas familiares, amizades, amor”, revelou, emocionada.

    O Tereré Literário integra a programação da 1ª Jornada Estadual do Patrimônio Cultural de Mato Grosso do Sul, realizada ao longo de agosto. Com o tema “Caminhos de Memória: Territórios, Saberes e Resistências”, a Jornada propõe um mergulho nas raízes culturais do Estado, passando por modos de vida pantaneiros, línguas de resistência, festas populares, patrimônio arquitetônico, saberes tradicionais e, especialmente, a cultura da erva-mate.

    A programação segue na sexta-feira (15), também às 17h30, com o Tereré Literário “A presença da erva-mate e do tereré em MS: do plantio ao consumo”. Participam David Lourenço (Secretaria de Agricultura Familiar) e Raquel M. K. Rossignoli Barizon (UFMS), com mediação do professor João Santos (IPHAN/MS) e apresentação musical de Maurício Brito & Humberto Yule. A entrada é gratuita.

    Hélio Serejo

    Nascido em 1912, em Nioaque, Hélio Serejo passou a infância em Ponta Porã, onde viveu de perto a lida ervateira. Atuou como fiscal de rendas, cartorário e jornalista, mas foi na literatura que encontrou sua verdadeira vocação. Tornou-se o maior expoente do memorialismo sul-mato-grossense, registrando ciclos econômicos, ofícios e, sobretudo, a riqueza humana e cultural do povo da região.

    Saiba mais sobre a vida deste grande expoente da nossa cultura aqui.

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