Publicado em 24 ago 2025 • por Daniel •
Intervenção artística reforçou a força da cultura popular e a proposta de uma capoeira sem fronteiras nem barreiras
No final da tarde de sábado (23), a Praça da Liberdade ganhou novos sons, ritmos e movimentos. O espaço foi tomado pela energia da roda de capoeira do Coletivo Capoeira do Mato, de Campo Grande (MS), que realizou uma intervenção artística aberta ao público dentro da programação do Festival de Inverno de Bonito 2025.
Enquanto os músicos tocavam berimbaus, atabaques e pandeiros, praticantes se revezavam entre acrobacias, ginga e golpes de capoeira. Quem passava pela praça parava para assistir, fotografar e se juntar ao círculo, transformando a apresentação em uma experiência coletiva que uniu arte, ancestralidade e cultura popular brasileira.
Expressão – O fundador do grupo, Murilo Gadellha Puorro, explicou que a intervenção buscou ampliar o olhar sobre a capoeira. “Hoje a gente fez uma intervenção artística com capoeira, maculelê e samba duro, que são resgates da cultura. Não só a capoeira como as pessoas conhecem, mas também outras formas de expressão. A gente associa o corpo ao maculelê, ao samba, a todas essas vertentes brasileiras que às vezes são deixadas de lado”, destacou.
A proposta do coletivo é trabalhar a capoeira de forma não tradicional, sem a obrigatoriedade de uniformes brancos ou cordões, e com foco na valorização da diversidade dos corpos. Murilo Gadellha Puorro explicou que, ao longo da intervenção, era possível ver mulheres e pessoas trans integrando a roda sem qualquer distinção, em uma prática que busca somar e incluir. Para ele, levar a capoeira ao espaço da praça, dentro do festival, é também uma forma de recolocá-la em seus lugares de origem, rompendo com visões desrespeitosas que marcaram sua história.
O fundador destacou ainda o caráter familiar e comunitário da atividade. Ele lembrou que suas filhas gêmeas estavam presentes na roda, o que, em suas palavras, representa um ganho para a capoeira, ao mantê-la como cultura transmitida entre gerações. Murilo ressaltou que o coletivo tem conseguido construir um espaço onde pessoas do movimento LGBTQIAP+ se sentem representadas. Para ele, isso é uma vitória diante de uma sociedade que ainda carrega fortes traços de machismo.
Transformação – A intervenção do Coletivo Capoeira do Mato reforçou o espírito do Festival de Inverno de Bonito, que transforma ruas, praças e parques em palcos vivos, aproximando artistas e comunidade. A roda aberta na Praça da Liberdade se tornou um ponto de encontro, onde tradição e contemporaneidade se fundiram diante do olhar atento do público.
No batuque do atabaque, na ginga e nas palmas coletivas, a apresentação mostrou que a capoeira é mais do que luta: é expressão artística, resistência cultural e convite ao convívio. No coração da cidade, ela ecoou como memória e futuro, reafirmando a força da cultura popular no festival.
FIB 2025 – Até domingo (24), Bonito será palco de apresentações de música, dança, teatro, literatura, moda, artes visuais e gastronomia. Os quatro palcos principais: Sol, Águas, Futuro e Lua, receberão artistas regionais e nacionais. O festival reafirma ainda valores de acessibilidade e sustentabilidade, com tradução em Libras, gerenciamento de resíduos, plantio de mudas, referente a descarbonização e ações de educação ambiental. Uma realização do Governo do Estado de Mato Grosso do Sul.
Para mais informações e a programação completa, acesse: https://mscultural.ms.gov.br/festival/festival-de-inverno-de-bonito/ e no Instagram @festivaldeinvernodebonito
texto: Evelise Couto – Ascom/FIB
fotos: Altair Santos – Ascom/FIB