15ª Mostra Cinema e Direitos Humanos chega a Campo Grande com filmes e debates

  • Publicado em 26 nov 2025 • por Marcio Rodrigues Breda •

  • Cena de Do Colo da Terra Cocar de Palha Baniwa / Divulgação

    Promovida pelo Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania, a Mostra é gratuita e acontece de 1º a 5 de dezembro, no Teatro do Paço. Neste ano, os debates abrangem justiça social e os impactos das mudanças climáticas para indígenas e outros grupos vulnerabilizados 

    Entre 1º e 5 de dezembro, Campo Grande entra na rota da 15ª Mostra Cinema e Direitos Humanos, que em 2025 discute o tema “Direitos humanos e emergência climática: rumo a um futuro sustentável”. Este ano, o evento acontece em 12 cidades brasileiras e, na capital de Mato Grosso do Sul, terá exibições no Teatro do Paço, com entrada gratuita. A programação reúne produções de cineastas indígenas, quilombolas, ribeirinhos e realizadores de diferentes regiões do país, convidando o público a refletir sobre desigualdades, resistência e justiça climática. 

    Realizada pelo Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania (MDHC), a Mostra é uma das principais e mais longevas ações da pasta voltadas à educação e cultura em direitos humanos, reconhecendo o audiovisual como ferramenta de transformação social. A edição de 2025 é realizada em parceria com a Universidade Federal do Ceará (UFC), por meio do Curso de Cinema e Audiovisual da instituição. Em Campo Grande, a 15ª MCDH conta com o apoio da Prefeitura de Campo Grande e da Fundação de Cultura de Mato Grosso do Sul, com produção local de Tania Sozza e Sara Gonzaga, da Render Brasil.

    A cineasta Sueli Maxakali, liderança Tikmũ’ũn e referência no cinema indígena contemporâneo, é a homenageada da edição. Seu longa mais recente, “Yõg Ãtak: Meu Pai, Kaiowá” (2025) — premiado no Festival de Brasília, CachoeiraDoc e Mostra Ecofalante — abre a programação. O filme documental cruza narrativas pessoais e históricas ao acompanhar a busca de Sueli e Maiza Maxakali por seu pai, Luis Kaiowá, separado da família pela ditadura militar. Uma jornada que conecta os povos Tikmũ’ũn e Kaiowá e percorre territórios do nordeste de Minas Gerais e do sul de Mato Grosso do Sul, estado ao qual a obra também se vincula por sua temática e pela presença das comunidades Kaiowá. Confira o teaser AQUI.  

    FILMES E TEMÁTICAS

    Com 21 filmes de curadoria da professora e pesquisadora Beatriz Furtado (UFC) e da realizadora Janaina de Paula, a Mostra apresenta obras que investigam território, memória, ancestralidade e luta por justiça ambiental. Entre os destaques, a produção “Do colo da Terra”, dirigida por Renata Meirelles e David Vêluz, filmado e produzido entre Minas Gerais, Mato Grosso do Sul e Amazonas, revela o cotidiano indígena por meio de cenas que mostram crianças vivendo e brincando em harmonia com seus territórios e tradições. 

    Cena de Meu Pai Kaiowa / Divulgação

    Já a obra “Cerrado, coração das águas: Conexão Caatinga”, dos diretores Fellipe Abreu e Luis Felipe Silva, acompanha o percurso das águas do Cerrado e, por meio de relatos de povos indígenas e tradicionais, expõe a destruição ambiental que ameaça esses territórios. 

    As exibições estão estruturadas em quatro sessões que compõem o eixo temático da Mostra. A sessão Nêgo Bispo/Terra reúne obras sobre resistência quilombola, violência no campo e enfrentamento a desastres ambientais; a sessão Antônia Melo/Águas destaca conflitos hídricos e narrativas de comunidades pressionadas por grandes empreendimentos; já a sessão Raoni/Floresta homenageia o líder indígena caiapó com filmes que tratam de ameaças à Amazônia, disputas territoriais e imaginários originários; enquanto a sessão infantil apresenta produções que estimulam a imaginação e aproximam as crianças da cultura e do meio ambiente. 

    Todos os títulos contam com janela de Libras e Legendagem para Surdos e Ensurdecidos (LSE). Após as sessões, os debates também contarão com acessibilidade em Libras.

    OFICINAS 

    Como parte da programação, a Mostra Cinema e Direitos Humanos realiza em todas as cidades contempladas, nas semanas que antecedem a exibição de filmes, a oficina de formação. Este ano, a atividade teve como tema: “Imagens do comum:  cinema, educação e direitos humanos”. Em Campo Grande, ocorreu nos dias 4, 5 e 6 de novembro, no Centro Cultural José Octávio Guizzo, com mediação do diretor, roteirista e produtor audiovisual Fabio Flecha.

    Em encontros que somaram nove horas/aula, os alunos foram estimulados a se apropriar do cinema como ferramenta de afirmação cultural, de preservação de saberes e fazeres tradicionais, de relação sensível com a terra e o território, além da valorização das diferentes identidades e modos de vida que constituem a multiplicidade da sociedade brasileira.

    Cena de Sukande Kasáká / Foto: @KamikiaKisedje

    HISTÓRICO DA MOSTRA

    A Mostra Cinema e Direitos Humanos é uma estratégia do Governo Federal para a consolidação da educação e da cultura em Direitos Humanos, entendendo o audiovisual nacional como forte aliado na construção de uma nova mentalidade coletiva para o exercício da solidariedade e do respeito às diferenças.

    Criada em 2006, com a finalidade de celebrar o aniversário da Declaração Universal dos Direitos  Humanos, a mostra amplia e diversifica os espaços de informações e debates sobre direitos  humanos, por meio da linguagem cinematográfica, tornando-se instrumento valioso de diálogo  e transformação para públicos com pouco ou nenhum conhecimento sobre direitos humanos. 

    PROGRAMAÇÃO 

    Dia 1 – 01/12, segunda-feira
    Sessão de abertura – 19h às 22h
    Classificação indicativa: 12 anos

    Coffee Break
    Solenidade + Falas institucionais 

    Yõg Ãtak: Meu Pai, Kaiowá (2025, 90’)
    Direção: Sueli Maxakali, Isael Maxakali, Roberto Romero e Luisa Lanna

    Dia 2 – 02/12, terça-feira

    Sessão Nêgo Bispo (Terra) – 19h às 22h
    Classificação indicativa: 12 anos

    Eu sou raiz (2022, 7’)
    Direção: Cíntia Lima e Lílian de Alcântara

    Ainda há moradores aqui (2025, 42’50”)
    Direção: Tiago Rodrigues

    Pau d’arco (2025, 89’) 
    Direção: Ana Aranha

    Dia 3 – 03/12, quarta-feira

    Sessão Antônia Melo (Águas) – 19h às 22h
    Classificação indicativa: 10 anos

    Kutala (2025, 5’)
    Direção: Fabio Martins e Quilombo Manzo

    Rio de Mulheres (2009, 21’)
    Direção: Cristina Maure e Joana Oliveira

    Cerrado, coração das águas: Conexão Caatinga (2025, 16’46”)
    Direção: Fellipe Abreu e Luis Felipe Silva

    As lavadeiras do rio Acaraú transformam a embarcação em nave de condução (2021, 12’)
    Direção: Kulumym-Açu

    Volta Grande (2020, 27’)
    Direção: Fábio Nascimento

    Rua do Pescador, Nº 6 (2025, 72’)
    Direção: Bárbara Paz

    Dia 4 – 04/12, quinta-feira

    Sessão Infantil 1 – 14h às 16h30
    Classificação indicativa: Livre

    Amazônia sem garimpo (2022, 6’50”)
    Direção: Tiago Carvalho e Julia Bernstein

    No início do mundo (2025, 7’46”)
    Direção: Camilla Osório

    Chico Bento e a goiabeira maraviósa (2025, 90’)
    Direção: Fernando Fraiha

    Sessão Raoni (Floresta) – 19h às 22h 
    Classificação indicativa: 14 anos

    SUKANDE KASÁKÁ | Terra Doente (2025, 30’)
    Direção: Kamikia Kisedje e Fred Rahal

    Faísca (2025, 12’)
    Direção: Barbara Matias Kariri

    Grão (2020, 16’)
    Direção: Adriana Miranda

    Curupira e a máquina do destino (2025, 25’)
    Direção: Janaína Wagner

    Dia 5 – 05/12, sexta-feira

    Sessão Infantil 2 – 14h às 16h30
    Classificação indicativa: Livre

    Ga vī: A voz do barro (2021, 10’46”)
    Direção: Ana Letícia Meira Schweig e equipe

    Òsányìn: O segredo das folhas (2021, 22’)
    Direção: Pâmela Peregrino

    Do colo da Terra (2025, 75’)  
    Direção: Renata Meirelles e David Vêluz

    Sessão de encerramento – 19h às 22h
    Classificação indicativa: 12 anos

    Sede de rio (2024, 72’)
    Direção: Marcelo Abreu Góis

    Com reportagem de Raphaelle Batista e Silvia Bessa

    Categorias :

    Cinema

    Veja Também