Campo Grande (MS) – O Circuito Sul-Mato-Grossense de Teatro leva o espetáculo Guardiões para as cidades de Ivinhema hoje (23/11) na Usina de Luz às 20h, Corguinho (24/11) na Escola Francisco Sobrinho às 20h, Terenos (26/11) no Centro Cultural Senador Ramez Tebet às 20h, Corguinho (24/11) na Escola Francisco Sobrinho às 20h e em Campo Grande no dia 26/11 na Escola Estadual Riachuelo às 19h. Todas as apresentações são de graça
Guardiões foi construído coletivamente por meio de um trabalho de estudos e pesquisas sobre o pantanal sul-mato-grossense, o impacto e consequências da ocupação humana tanto no ecossistema, quanto nas relações sócio culturais. A encenação apresenta um pantanal sui generis, provocando questionamentos na plateia. Os habitantes possuem uma relação simbiótica com o território que habitam e que, gradativamente, vão sendo expulsos da região. Os personagens sentem-se em desequilíbrio, assim como todo o ambiente, e enfrentam dificuldades com o novo sistema que se estabelece. A nova realidade que se impor no território, fere as estruturas econômicas e sociais: o pantaneiro vislumbra a falência do seu mundo.
É uma encenação limpa, seca, que apresenta o modelo de “desenvolvimento” oferecido às nossa sociedade pelo sistema econômico vigente no mundo. O universo abordado é retratado de forma sintética: o cenário virtual, infinito e neutro, as cores só aparecem ao longe. Os atores são personagens que quase se confundem com o cenário, são quase invisíveis, a dureza do território está entranhada em seu modo de ser, de lutar, possuem uma simbiose bem peculiar e, ora animais, ora homens, vivem nesse cenário chamado pantanal, muito embora o tema tratado seja sério, há momentos lúdicos, delicados e também com toques de ironia e sátira.
Guardiões apresenta três personagens que vivem simbioticamente nesse local e agora tratam de entender e interagir “como de costume” num ambiente em que as tradições estão mudando ou desaparecendo vertiginosamente. A incerteza frente a esta nova realidade e o sentimento de abandono os une, numa conjunção única de desesperança.
Além do texto escrito por Lu Bigatão, a obra também conta com a contribuição de textos elaborados pelo elenco. Lu Bigatão agora exercita seu oficio como dramaturga e cúmplice, dentro do espírito do coletivo-elenco, de levar à cena o trabalho de sua autoria, “como grupo estamos buscando o caminho para a criação e interpretação de textos de dramaturgos que contem a nossa história e nossa cultura. Se diz que não há teatro sul-mato-grossense porque não há dramaturgia aqui. Estamos nesta busca, há muito ouro para garimpar”, opina Bigatão.
Teatral Grupo de Risco
O Teatral Grupo de Risco é um dos grupos mais antigos e atuantes do estado. Fundado em 1988 já produziu cerca de 30 espetáculos teatrais, entre adultos, infanto-juvenis e de bonecos, além de documentários e programas de televisão, fomentando um trabalho profissional de artistas movidos por interesses e objetivos de criação comuns e pautados, sobretudo nas questões mais profundas sobre a identidade cultural-sul-mato-grossense. O compromisso já consolidado com questões importantes da sociedade transformou o grupo em um centro de referencia tanto no desenvolvimento de pesquisas de linguagens estéticas quanto na execução de projetos culturais e trabalhos sociais envolvendo a arte.
Circuito Sul-Mato-Grossense de Teatro
O Circuito Sul-Mato-Grossense de Teatro divulga as produções do Estado e fomenta a formação de plateia e o surgimento de novos grupos por meio de ações alternativas, pesquisas e intercâmbios entre os participantes. O projeto já é executado há alguns anos e já chegou há mais de 50 municípios.