Campo Grande (MS) – Nesta quarta (13), dentro da programação das comemorações dos 44 anos do Estado, a live “Cultura, Gestão e Memória em MS” contou com a participação da escritora Raquel Naveira (da Academia Sul-Mato-Grossense de Letras), Renata Leoni (Produtora, gestora cultural, diretora, coreógrafa e intérprete criadora em dança) e Moacir Lacerda (Engenheiro Civil, Historiador, Compositor, Músico, Fundador do Grupo ACABA – Canta-Dores do Pantanal , Confrade do IHGMS – Instituto Histórico e Geográfico de MS, Presidente da Memória Pantanal – Casa de Cultura).
Com a mediação de Francisco Ferrari, assessor especial da Fundação de Mato Grosso do Sul, cada uma dessas personalidades da cultura sul-mato-grossense, contou um pouco de sua história na cultura do Estado.
Moacir Lacerda contou que seu relacionamento com a música veio de berço, já que seu pai era maestro e tocava jazz no Pantanal. Numa família com 14 irmãos, ele herdou o dom de fazer composições. No ginásio, foi incentivado pela professora Maria da Glória de Sá Rosa e com amigos como Geraldo Espíndola e Paulo Simões, seguiu sua trilha na música regional.
Ele lembrou que a pandemia trouxe grande sofrimento aos artistas. “Perdemos grandes nomes da nossa música e muitos músicos e técnicos passaram por necessidades”, comentou. Mas nem mesmo neste cenário ele parou de compor. Neste período ele produziu a Coletânea “Chama da Paz de Mato Grosso do Sul”, que traz composições relacionadas com a Guerra do Paraguai. “Num trabalho antropológico nos voltamos para um olhar mais humano para as dores da guerra, dores das crianças, das mulheres, dos negros e dos indígenas”, explicou. A obra foi inspirada no livro Guerra entre Irmãos da escritora Raquel Naveira.
A escritora Raquel Naveira nasceu em Campo Grande, numa família de portuguesa. Seu pai era oficial do exército e em sua infância transitou por Aquidauana e Bela Vista onde conheceu as misturas culturais sul-mato-grossenses. Posteriormente morou durante 10 anos em São Paulo. “Me considero uma cidadã do mundo, pois pude circular em vários universos com a mesma autenticidade”, frisou. Formada em Direito e Letras, foi na sala de aula, como professora, que formou seus conhecimentos e seguiu sua vocação de infância na literatura. “Minha poesia foi a porta-voz da história de Campo Grande. Vimos esse movimento da cultura transformaram-se em coisas palpáveis que passaram pelas gerações”, afirmou Naveira.
A produtora e coreógrafa Renata Leoni também nasceu em Campo Grande e seu pai a colocou para fazer dança aos 12 anos. Na adolescência entrou para a academia Balearte e posteriormente criou o grupo Pantanália em 1981 com outros parceiros. “Estávamos ávidos por expandir as nossas fronteiras e fomos nos apresentar no Rio de Janeiro”. Ela ministrou aulas em diversas academias em 1990 entrou no grupo Ginga onde ficou até 2017, fazendo dança, produção e lidou com a capacitação de recursos, participação em festivais e conversas com os agentes públicos. De 2007 a 2010 foi coordenadora do Núcleo de Dança da Fundação de Cultura de MS e posteriormente chegou a ser superintendente de cultura no município de Campo Grande. “Para mim a gestão cultural deve ser pública, atendendo a toda a sociedade, não apenas determinados segmentos.Os recursos devem ser divididos pensando no que é melhor para todos”, defendeu.
Lives sobre “Cultura, Gestão e Memória em MS”
Encerrando a programação das comemorações dos 44 anos do Estado, a Fundação de Cultura de Mato Grosso do Sul está exibindo uma série de lives, do dia 13 ao dia 15, sempre às 19 horas, sobre “Cultura, Gestão e Memória em MS”. Os convidados são pessoas da área da cultura que já passaram pela gestão, seja de espaços culturais, seja de projetos, e têm dentro de suas produções parte da memória que se refere ao Estado. Eles irão contar suas experiências, para que outros conheçam, suas memórias que transitam na área da cultura. As lives serão transmitidas diretamente da Biblioteca Pública Estadual Isaias Paim ao vivo para os canais virtuais.
Hoje (14) é a vez de Eder Rubens (Diretor de Cultura da Fundação de Cultura e Esporte Funcespp, membro Instituto Histórico e Geográfico de Mato Grosso do Sul), Mestre Liminha (capoeira), Maria Auxiliadora Bezerra e Sérgio Cruz (jornalista profissional e autor de três livros).
Amanhã (15), participam Rubens Costa Marques (professor das disciplinas de História da Arquitetura Brasileira, Técnicas Retrospectivas, Ateliê de Projeto e orientador de Trabalho de Conclusão de Curso na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo – Uniderp. Autor de três livros), Indiana Marques (artesã) e Eduardo Gasperin (Doutor em Artes da Cena pela Universidade Estadual de Campinas, Mestre em Arte/Teatro pela Universidade Federal de Uberlândia, Bacharel em Artes Cênicas pela Universidade Federal da Grande Dourados e Licenciado em Teatro pela Faculdade Mozarteum de São Paulo/ Programa especial de formação pedagógica para docentes).
O gerente de Patrimônio Histórico e Cultural da Fundação de Cultura de MS, Caciano Lima, acredita que “preservar a memória da sociedade é um ponto muito importante para a gente pensar em desenvolvimento de ações, de novos projetos, além de conservar os pilares daquilo que foi construído. E a gente identifica aí o valor afetivo de cada item que essas personagens produziram. Nós estamos sempre preocupados e já sabemos que é indiscutível que as bibliotecas, arquivos e museus preservem a nossa memória e o nosso patrimônio cultural por meio dos seus acervos. Mas nós sabemos que essas instituições, esses projetos que passam, são geridos por pessoas, e são essas pessoas que colaboraram para a disseminação dos conhecimentos. Então nós queremos ouvir as pessoas que produziram e passaram por essas áreas”, finaliza Caciano.