O projeto Troca Book, da Biblioteca Pública Estadual Dr. Isaias Paim, continua a todo vapor. O projeto, que é uma oportunidade de trocar um livro por outro e manter vivo o hábito da leitura, tem recebido em média quatro a cinco participantes por dia, mais ou menos 40 a 50 pessoas por mês.
Para o coordenador da Biblioteca, Aparecido Melchíades, este número é bem significativo, para um projeto que está começando. “Eu acho que para um projeto que está começando, a demanda está bem legal. A ideia surgiu a partir de uma doação que nós recebemos do pessoal da UCDB que doou quase 300 livros para nós aqui. Foi uma doação muito boa, com livros muito bons, só que tinha alguns livros que nós já tínhamos, aí surgiu a ideia, por que não colocar esse livro à disposição da população. E aí surgiu a ideia e a gente desenvolveu e colocou em prática. Os livros doados para o projeto ficam para novas trocas, a não ser que seja um livro raro, que a gente não tenha, aí a gente recolhe ele para a Biblioteca e põe outro no lugar para dar continuidade ao projeto”.
Segundo Aparecido, a ideia é de dar mais abertura para a Biblioteca e um pouco dessacralizar a questão da leitura, do livro em si. “É para as pessoas terem mais liberdade para pegar o livro sem burocracia nenhuma, eles vêm aqui, trocam o livro e acabou. Às vezes a gente não fica nem sabendo qual livro que levou, qual livro que trouxe. É claro, eu vou ver na estante, mas se a pessoa quiser se identificar, se identifica; se não quiser, não tem problema também. A ideia é deixar isso mais aberto, quanto menos burocrático, melhor, para a pessoa ter realmente liberdade de pegar o livro que ela quiser, na hora que ela quiser”.
A advogada Marinalda Junges foi uma das pessoas que participou do projeto. Ela trouxe alguns livros infantis, e escolheu outros títulos da mesma natureza para levar para suas filhas. “Elas já leram, de repente eu trago eles de volta para pegar outros. Eu confesso que, como advogada, eu ficava mais tenta à leitura jurídica, profissional. Em 2020, na pandemia, passando quase 2021, eu estive em depressão e eu comecei a ler. Eu recebi um livro de literatura de um amigo, de presente, e iniciei a leitura desse e assim vieram vários outros”.
Marinalda ainda completa: “O mais legal desse projeto é que os livros que você tem em casa e foi isso que eu comecei a fazer, isso que me motivou a vir aqui, é que quando você retira o livro na Biblioteca você tem um prazo específico para voltar e devolver. E às vezes a gente mora longe da Biblioteca, às vezes a gente veio ao Centro fazer qualquer coisa e resolveu passar aqui, e em vez de retirar, você traz um de casa e troca, aí você leva, não tem prazo, você pode ler esse livro tranquilamente, sem ter aquela obrigação de num tempo x voltar para a Biblioteca. Achei isso uma ideia muito interessante, muito boa, quem são leitores assíduos às vezes tem muita obra em casa que está parada, disponível, e às vezes é a oportunidade de desapegar de coisas maravilhosas e ofertar para os outros e vir aqui colher outros livros para repor a Biblioteca com opções novas de leitura”.
Um livro puxa o outro
Esta é uma ideia da Biblioteca Isaias Paim de sugerir um roteiro de leitura para leitores mais assíduos. Trata-se de um painel com sugestões de leituras afins que fica no saguão da Biblioteca. “Isso aí é uma ideia de incentivar uma leitura mais direcionada. É uma ideia que surgiu através da revista Veja, em 2011 ela lançou várias matérias sobre leitores e no final da matéria tinha essa ideia, um livro puxa o outro. É porque se a pessoa começa de um livro mais simples, como por exemplo o Harry Potter, como está ali, ela pode ir para outros livros dentro do mesmo segmento, e ela pode chegar nos clássicos, como por exemplo Grande Sertão Veredas, que é um livro difícil de se ler, como Decameron, que é outro livro difícil. Então, dependendo do direcionamento da pessoa, ela começa num livro simples, infanto-juvenil, e chega a grandes clássicos, dentro do contexto daquela linha que ela pegou para ler. É uma orientação para que a pessoa vá naquele segmento, e com isso aumenta enormemente a condição de leitura dela. É instigante, porque dentro daquela linha que ela gosta de ler, ela vai ter vários caminhos, vai ter um caminho onde vão ter vários livros”, finaliza Aparecido Melchíades.
Texto: Karina Lima
Fotos: Ricardo Gomes