O terceiro dia do 23º FIB (Festival de Inverno de Bonito), na sexta-feira (23), será marcado por uma noite de grandes atrações regionais e nacionais. A partir das 21h30, o Palco Lua receberá o tão aguardado show do cantor Zé Ramalho. Em seguida, às 23h30, será a vez de dois grandes nomes da nova música sul-mato-grossense: DOVALLE e Begèt De Lucena.
Zé Ramalho trará ao palco do Festival de Inverno de Bonito toda a sua energia e a mistura inconfundível de rock e forró que marcou sua carreira. Em outubro de 2008, a revista Rolling Stone o reconheceu como um dos 100 maiores artistas da música brasileira, posicionando-o na 41ª colocação. Sua trajetória na música começou em 1974, quando participou da trilha sonora do filme “Nordeste: Cordel, Repente e Canção”, de Tânia Quaresma. Naquela época, Zé Ramalho já misturava suas influências, que iam do rock’n’roll ao forró.
Um ano depois, em 1975, Zé Ramalho gravou seu primeiro álbum, “Paêbirú”, em parceria com Lula Cortês. Em 1976, mudou-se para o Rio de Janeiro, onde enfrentou dificuldades para encontrar uma gravadora que aceitasse lançar seu disco. Após várias tentativas frustradas, finalmente encontrou uma oportunidade com Jairo Pires, então da CBS. Foi em 1977 que Zé Ramalho lançou seu primeiro álbum solo, intitulado “Zé Ramalho”.
Em 1996, o cantor gravou o álbum ao vivo “O Grande Encontro” ao lado de Elba Ramalho, Alceu Valença e Geraldo Azevedo, todos grandes nomes da MPB. O sucesso foi tão grande que em 1997 Zé Ramalho decidiu gravar uma nova versão de estúdio do álbum, desta vez sem Alceu Valença. O álbum vendeu mais de 300.000 cópias, recebendo os certificados de ouro e platina.
Para celebrar seus vinte anos de carreira, Zé Ramalho lançou o CD “Antologia Acústica”. A gravadora Sony Music também lançou uma box set com três discos: um de raridades, outro de duetos e um de sucessos. A escritora Luciane Alves publicou o livro “Zé Ramalho – um Visionário do Século XX”, que conta a trajetória do cantor. Antes do final do milênio, um dos maiores sucessos de Zé Ramalho, “Admirável Gado Novo” (lançado originalmente no álbum “A Peleja do Diabo com o Dono do Céu”), foi utilizado como tema do personagem Regino, vivido por Jackson Antunes na novela “O Rei do Gado”.
O primeiro trabalho de Zé Ramalho no século XXI foi o álbum tributo “Zé Ramalho Canta Raul Seixas”, com regravações de canções do músico baiano. Em 2012, lançou o disco “Sinais dos Tempos”, o primeiro de inéditas em cinco anos, através de sua própria gravadora, Avôhai Music. Em 2013, Zé Ramalho se apresentou ao lado da banda de metal Sepultura no Rock in Rio, no espetáculo “Zépultura”. O show foi bastante elogiado pela crítica e agradou ao público. Essa parceria já havia ocorrido anteriormente, quando gravaram juntos a canção “A Dança das Borboletas”, que fez parte da trilha sonora do filme “Lisbela e o Prisioneiro” (2003).
Em novembro de 2014, Zé Ramalho lançou um álbum ao vivo colaborativo com o cantor e violonista Fagner, intitulado “Fagner & Zé Ramalho Ao Vivo”. Em 2017, lançou o álbum “Atlântida”, que recupera um show de 1974, quatro anos antes de Zé Ramalho se tornar um sucesso. Em 2019, editou o CD “Cine Show Madureira” (1979), em parceria com o selo Discobertas, de Marcelo Fróes. Com essa trajetória brilhante, Zé Ramalho se consolidou como um dos maiores músicos brasileiros de todos os tempos.
DOVALLE e Begèt De Lucena: o encontro de gerações
Após a apresentação de Zé Ramalho, o Festival de Inverno de Bonito recebe dois ícones da nova geração sul-mato-grossense: DOVALLE e Begèt De Lucena. Juntos, eles apresentarão o show “Cabaret Paixão”, uma performance carregada de romantismo em canções autorais e versões de clássicos da música brasileira.
O espetáculo “Cabaret Paixão” é o encontro de duas almas sul-americanas movidas por declarações de amor intensas, típicas dos amantes latinos. Os artistas compartilham no palco a dramaticidade e a sensualidade, traduzidas em ritmos dançantes e cheios de sentimento, como o brega, o bolero e o baião. O show explora uma multiplicidade de gêneros que destacam a potência da música brasileira e suas composições. Em meio à fumaça inebriante, ao cheiro de perfume barato e ao gosto de gin, “Cabaret Paixão” leva o público a uma imersão no universo romântico dos becos, avenidas e corações espalhados pelo país, revelando a dor e o prazer de se entregar à vida e ao amor.
Essa colaboração, há muito desejada pelos fãs, tornou-se realidade graças a um amigo em comum que os convidou para uma apresentação em sua casa. A recepção foi extremamente positiva, e a dupla decidiu aprimorar o projeto, montando um show com banda completa para proporcionar uma imersão no imaginário romântico nacional e regional.
Foto: Danilo Gonçalves
DOVALLE é ator, cantor e compositor, conhecido por suas músicas românticas, bregas, boleros e sambas. Suas composições refletem a vida brasileira no contexto latino-americano. Filho de um caminhoneiro e uma costureira, DOVALLE aprendeu sobre o amor através da saudade e do som dos pedais de uma máquina de costura Singer. Ele compõe a partir das histórias que viveu e observou desde a infância, quando escolhia a trilha sonora das viagens com seu pai. Em suas músicas, DOVALLE busca construir um estilo próprio, unindo memórias do imaginário popular às novas sonoridades alternativas latino-americanas.
Nos últimos anos, DOVALLE tem construído parcerias para expandir seu público e levar sua música além das fronteiras de Mato Grosso do Sul. Ele já se apresentou em eventos importantes como o Som da Concha e o Festival Campão Cultural, e venceu o Festival Batalha de Bandas 2021, consolidando-se como um dos grandes nomes da nova música sul-mato-grossense. Em 2022, DOVALLE se apresentou na Virada SP em Ilha Solteira, e em 2023, fez shows no Sesc Rio Preto (SP) e no Festival América do Sul (Corumbá), além de outras apresentações locais.
Begèt De Lucena, natural de Exú, Pernambuco, atualmente reside em Campo Grande, onde se destaca como músico e ator. Seu talento vocal e sua performance teatral ao interpretar suas composições e versões de grandes sucessos têm impressionado o público. Entre suas principais influências estão Luiz Gonzaga, Caetano Veloso, Ney Matogrosso, Cássia Eller e outros grandes nomes da MPB.
Begèt começou a tocar violão aos onze anos e, pouco depois, integrou o coral da igreja. Aos quinze anos, compôs sua primeira canção, dando início a uma trajetória que desde 2008 inclui diversas composições próprias e apresentações em festivais e shows em Campo Grande e no interior do estado. Com 15 anos de carreira, Begèt De Lucena já causou impacto no cenário independente da música brasileira, tanto que gravou com seu ídolo Ney Matogrosso a canção “Bolero de Criolo”, de sua própria autoria.
Karina Lima, Comunicação Setesc
Foto de destaque: Leo Aversa