Desfile de moda autoral trouxe roupas autênticas, criativas e sustentáveis para a passarela do Festival de Inverno de Bonito

  • Publicado em 22 ago 2025 • por Daniel •

  • A passarela montada na Praça Liberdade, em frente ao palco Sol, vibrou na noite de quinta-feira com a moda feminina e masculina feita por dez estilistas regionais. Os modelos, também formados por talentos regionais, desfilaram com muita cor, brilho, modernidade e sustentabilidade para o Festival de Inverno de Bonito 2025.

    O Xuvé Raízes Ancestrais ocupou a passarela com trajes feitos de sementes, fibras, tecidos reaproveitados e grafismos, em um gesto de protesto e celebração. Inspirada nos rituais dos povos originários, cada peça é um canto, uma dança, uma lembrança de regeneração. 

     

    Com modelagens largas dos anos 90, estética urbana e a essência da cultura periférica, a coleção Black Drink foi criada pelo artista visual, grafiteiro e tatuador João Rodrigues, o Ravnos. A marca nasceu da rua e traz em cada peça um processo artístico único. Todas as estampas são feitas em serigrafia manual, desenhadas à mão e reveladas artesanalmente, garantindo originalidade e identidade própria.

    A estilista Márcia Lobo Crochê teceu um diálogo entre três gerações: as mãos sábias da avó, o cuidado e conhecimento da mãe e a ousadia contemporânea da designer, em conversa com grafismos indígenas que inspiram esta narrativa têxtil. O barbante virou poesia vestível em crochê que reinventou o “quadradinho da vovó”, criando uma linguagem geométrica.

    O Ateliê Sutil apresentou uma coleção que mantém vivos os saberes de quem veio antes, através do desmanche, da costura, do refazer e do tempo dedicado ao processo. São peças únicas que unem memória e contemporaneidade, nascidas do toque cuidadoso das mãos em um fazer quase ritual.

    A coleção Discoteca Tropical da F.M, criada pelo estilista Fábio Maurício especialmente para o Festival de Inverno de Bonito, é um mergulho vibrante na atmosfera das discotecas dos anos 70. Tecidos brilhantes, como lantejoulas e vinil, evocaram o glamour das pistas iluminadas por globos espelhados e se misturaram a jaquetas dupla face com estampas tropicais, criando contrastes que unem sofisticação e frescor. 

     

    A conselheira Silvia Cerqueira falou da importância de mostrar a moda autoral no festival. “O Festival de Inverno Bonito é grande, um festival internacional, e quanto mais nós pudermos mostrar da nossa moda autoral, quanto mais pudermos apresentar isso para o mundo é melhor. Porque divulgar é tão importante quanto a exposição dos produtos. Além disso, todos modelos que foram selecionados para o evento são daqui e não havia um padrão. Todos os gêneros, todos os tipos de corpos e idades podiam ter participado do processo seletivo. E é muito importante mostrar que temos muitos talentos em Mato Grosso do Sul.

    O desfile, dividido em dois blocos, apresentou também o Fashion Film Move Over, vídeo assinado pelo estilista Fábio Maurício, onde quatro mulheres de diferentes tribos e personalidades transitam pelos cenários da capital de Mato Grosso do Sul. Após a exibição do filme, mais cinco marcas autorais de Mato Grosso do Sul entraram na passarela para celebrar a criatividade local e a força da moda feita aqui no estado.

    O estilista Higor Euzébio Crochê trouxe a Coleção Anhumás, inspirada na ave (Anhuma) de plumagem negra e canto marcante que habita o Pantanal sul-mato-grossense. Assim como ela, as peças artesanais em crochê revelam autenticidade e surpresas, dialogando com a fauna, a flora e a presença humana na região pantaneira. Segundo o estilista, “mais que moda, a Anhumás é celebração da vida pantaneira, bordada ponto a ponto em forma de poesia têxtil.

    A produtora de moda Lauren Cury ergue a bandeira do consumo consciente com sua marca Estampe-se!, que transforma peças de segunda mão em criações exclusivas e cheias de arte. Cada roupa ganha nova vida, prolongando seu tempo de uso e incentivando a sustentabilidade. As estampas surgem por meio de técnicas diversas como  sublimação, colagem de tecidos, aplicações e pintura à mão, garantindo autenticidade e originalidade em cada peça. Com o lema Use – Reuse – Renove – Repasse, a marca convida todos a vestir atitude e consciência.

    A Bitchos Urbanos, da FNK, chegou com uma estética urbana, porém inspirada na camuflagem, na força e na ousadia dos animais em seu habitat. A coleção mistura animal prints hiper-realistas, manchas de predadores em movimento e silhuetas cargo amplas, que desafiam o convencional. Com modelagens oversized, cada peça mostra coragem, atitude e presença.

    A inclusão também foi um dos destaques do desfile. A Bocaiuva Moda Inclusiva trouxe a coleção Solar Power, moda com tecnologia e estilo. Macacões, jaquetas e corta-ventos equipados com placas solares carregam seus aparelhos em movimento, acompanhando o ritmo da vida urbana. Cada detalhe foi pensado para acessibilidade: aberturas, fechamentos e bolsos funcionais que atendem às necessidades de todos. Conforto e inovação se unem em peças que não apenas vestem, mas facilitam o dia-a-dia.

    Para encerrar o desfile, o estilista Anderson Bosh apresentou a coleção Frida Recycled, que celebra a memória, a cultura e a sustentabilidade. Com cortes, estrutura e acabamentos inspirados na tradição andina e padronagens florais latinas, a coleção transforma peças antigas, sobras de produção e resíduos industriais em roupas cheias de vida.

    A bonitense Dayara Marques contou suas impressões do que gostou no desfile. “Gostei muito, principalmente por ser moda do estado, né? E isso está sendo muito representativo, pois é valorização. Ainda mais por ser num evento como é o Festival de Inverno de Bonito”, enaltece.

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    Texto: Débora Bordin – Asscom/FIB

    Fotos: Ricardo Gomes – Asscom/FIB

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