Campo Grande (MS) – O governo do Estado, por meio da Fundação de Cultura de Mato Grosso do Sul e do Arquivo Público Estadual de Mato Grosso do Sul, realiza entre os dias 18 a 21 de outubro de 2016, a 4ª Semana do Arquivo Público. O tema deste ano será ”Arquivos Físicos e Digitais: Preservação e Pesquisa“. A abertura do evento acontece no dia 18 de outubro de 2016, às 8h30, no auditório do Museu da Imagem e do Som (MIS-MS).
Na ocasião será inaugurada também a exposição “Nasce um novo Estado-1977-1979”, em homenagem à criação de Mato Grosso do Sul, que ficará aberta à visitação entre os dias 18 e 31 de outubro, das 8h às 17h, na sala Maria da Glória Sá Rosa do MIS-MS.
“4ª Semana do Arquivo Público é direcionada a todos os profissionais que trabalham com a guarda de documentos e também a estudantes de História e Biblioteconomia. A participação deste público é importante porque em nosso estado não existe um curso formal de Arquivologia. Além disso, todas as repartições públicas trabalham com arquivos, com a guarda de documentos. E essa documentação que é produzida no nosso dia-a-dia tem que ser avaliada. Mesmo com a facilidade que a tecnologia nos proporciona na questão dos arquivos, é indispensável a guarda de determinados documentos históricos em papel. E é sobre isso que iremos discutir nesta semana”, explicou a coordenadora do Arquivo Público Estadual de Mato Grosso do Sul, Áurea Coeli.
As inscrições que são gratuitas podem ser feitas por meio dos e-mails: arquivo@fcms.ms.gov.br ou arquivopublico@gmail.com. As vagas são limitadas. Mais informações podem ser obtidas nos telefones (67) 33169167 ou (67) 33169139.
O Museu da Imagem e do Som fica no Memorial da Cultura e Cidadania Apolônio de Carvalho, localizado na avenida Fernando Correa da Costa, 559,3°Andar. Acompanhe a programação completa:
Dia 18 de outubro de 2016
8h30 – Abertura
9h30 – Coffee Break
10h – Palestra: O uso de arquivos para pesquisa em História da Educação
Local: Auditório do MIS (Av. Fernando Corrêa da Costa, 559, 3º andar).
Ministrante: Profª. Drª. Dilza Porto Gonçalves (Coordenadora do curso de História/UFMS).
Será abordada a utilização de arquivos na pesquisa em História da Educação. As fontes foram textos jornalísticos ligados à instrução pública, a Escola Normal e educação da mulher. Os jornais pesquisados foram: A Reforma e O Conservador, acervo no Museu da Comunicação Hipólito José da Costa, e, em A Federação, acervo do Memorial da Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul e do acervo digital da Biblioteca Nacional. Através da análise de conteúdo busca-se compreender os discursos sobre Instrução Pública, Escola Normal de Porto Alegre e Educação da Mulher, entre 1869 e 1937, levando em conta o cenário político, social e cultural em que foram produzidos. O estudo está inscrito no campo científico da História Cultural e da História da Educação, perpassando pelo viés da História Política. Palavras-chave: História da Educação, Arquivos, Imprensa.
13h30 às 17h30 – Oficina: Preservação, Conservação e Restauro em Papel. Local: Arquivo Público Estadual de MS (Av. Fernando Corrêa da Costa, 559, térreo).
Ministrante: Profª Me. Giane Maria Giacon (APE/ FCMS/ SECTEI).
Nesta oficina os participantes irão aprender técnicas de higienização, conservação e restauro em documentos de papel.
Vagas limitadas: (8 por dia)
Dia 19 de outubro de 2016
9h – Palestra: Organização e Preservação de Arquivos Digitais
Local: Auditório do MIS (Av. Fernando Corrêa da Costa, 559, 3º andar).
Ministrante: Prof. Me. Rodrigo Pereira (Instituto de Ensino Superior/FUNLEC).
Será abordada a questão da arquivística no cenário público e privado no Brasil. A arquivística ainda é incipiente e descontextualizada dos aspectos relacionados à institucionalização da memória e do princípio democrático. Essa questão torna-se ainda mais complexa quando se insere nesse cenário a organização arquivista, o documento arquivístico digital e, consequentemente, sua preservação na cibercultura. A palestra fundamenta-se na problemática da organização e preservação dos documentos digitais, considerando o cenário arquivístico brasileiro, carente de políticas públicas para o fim arquivístico, bem como, do distanciamento das práticas arquivísticas das propostas de Estado. Portanto, objetiva-se caracterizar o cenário arquivístico brasileiro, discorrendo sobre os fundamentos da organização dos arquivos digitais e a inevitabilidade de criação de processos que se dirijam à preservação dos documentos arquivísticos digitais para efeitos de institucionalização da história e memória da nação. Espera-se, assim, apresentar tais questões como subsídios à inquietações e geração de ideias e propostas inovadoras à problemática propositada na palestra.
13h30 às 17h30 –Oficina: Preservação, Conservação e Restauro em Papel Local: Arquivo Público Estadual de MS (Av. Fernando Corrêa da Costa, 559, térreo).
Ministrante: Prof. Me. Giane Maria Giacon (APE/ FCMS/ SECTEI).
Nesta oficina os participantes irão aprender técnicas de higienização, conservação e restauro em documentos de papel.
Vagas limitadas: (8 por dia)
Dia 20 de outubro
9h – Palestra – A luta pela memória e a memória pela luta: debates e desafios de acervos de movimentos sociais.
Local: Auditório do MIS (Av. Fernando Corrêa da Costa, 559, 3º andar).
Ministrante: Profª. Drª. Mariana Esteves de Oliveira (UFMS)
Procura esboçar algumas questões referentes aos processos da produção e rearticulação da memória dos movimentos populares do pós-1964 ao problematizar a existência e a utilização dos acervos e centros de documentação desses movimentos sociais e de instituições que abrigam as memórias de lutas desses grupos. Para tanto, a experiência-base em que a autora se apóia trata da “descoberta” de um acervo semi-abandonado de movimentos populares da cidade de Andradina – SP e seu resgate no bojo do processo da pesquisa histórica e da organização do Núcleo de Documentação Histórica Honório de Souza Carneiro, na UFMS de Três Lagoas/MS. Tal experiência possibilita refletir para além da ação dos sujeitos nos movimentos sociais, mas também sobre a questão da memória documental resultante de suas práticas, suas implicações e desafios. Nesse sentido, cabe observar a construção e a consolidação desse campo de lutas por parte dos próprios sujeitos e os processos contemporâneos que visam à reorganização dos acervos, entendendo, a priori, esse campo de discussão como um espaço da disputa pela memória, operada entre as histórias de lutas e contradições e a memória oficial. Assim, defendemos que a dialética deste processo pode resultar na memória das lutas como uma nova arma para lutar.
14h às 17h – Exibição e debate sobre o filme: “Narradores de Javé” (Dir.: Eliane Caffé, Brasil/2004).
Local: Auditório do MIS (Av. Fernando Corrêa da Costa, 559, 3º andar).
Sinopse: A pequena cidade Javé será submersa pelas águas de uma represa. Seus moradores não serão indenizados e não foram sequer notificados porque não possuem registros nem documentos das terras. Inconformados, descobrem que o local poderia ser preservado se tivesse um patrimônio histórico de valor comprovado em “documento científico”. Decidem então escrever a história da cidade – mas poucos sabem ler e só um morador, o carteiro, sabe escrever. Depois disso, o que se vê é uma tremenda confusão, pois todos procuram Antônio Biá, o escrivão da obra de cunho histórico, para acrescentar algumas linhas e ter o seu nome citado.
Debatedor: Sarita Souza.
Dia 21 de outubro
9h – MESAS REDONDAS
- Relatório Figueiredo e acervos documentais: um olhar sobre os povos indígenas na ditadura
Local: Auditório do MIS (Av. Fernando Corrêa da Costa, 559, 3º andar).
Expositoras: Profª. Me. Eva Maria Luiz Ferreira e Profª. Me. Lenir Gomes Ximenes.
As professoras abordarão os debates em torno da Ditadura Militar, motivados pela Comissão Nacional da Verdade – CNV e por grupos como o “Tortura Nunca Mais”. Ambos trouxeram à tona as violências cometidas contra grupos até então invisibilizados nessa temática, como os povos indígenas. Em 2013 foi encontrado o Relatório Figueiredo, documento de 1967, com mais de sete mil páginas, que até então se acreditava ter sido eliminado em um incêndio no Ministério da Agricultura. O documento deu visibilidade a crimes cometidos contra os indígenas, como espancamentos, torturas, prisões irregulares, assassinatos e até mesmo envenenamento de comunidades inteiras. A discussão em torno do relatório tem despertado o interesse dos pesquisadores por outros documentos produzidos por órgão oficiais, como o acervo do Serviço de Proteção aos Índios – SPI. A partir de uma leitura crítica é possível encontrar nesses documentos oficiais indícios das violações de direito e violências perpetradas pelo próprio Estado contra as populações indígenas, tanto em períodos ditatoriais quanto em fases tidas como democráticas.
- O arquivo do Horror: memória e julgamentos políticos.
Coordenadora: Profª. Me. Giane Maria Giacon (APE/FCMS/SECTEI).
A descoberta do arquivo do terror em 22 de dezembro de 1992 inaugura uma nova fase na história paraguaia e latino-americana, pois a documentação da longa ditadura de Alfredo Stroessner (1954 a 1989) permitiu o engendramento de três processos: o primeiro se refere à construção da história do regime stronista por meio de documentos oficiais que revelariam as formas de repressão, o alcance do aparelho repressivo no cotidiano e a resistência ao regime. O segundo reside na construção da memória do período a partir dos trabalhos da Comissão da Verdade com os depoimentos dos envolvidos e levantamento de dados do regime. Essas ações possibilitaram os processos indenizatórios às vitimas no Paraguai. O terceiro processo consiste no uso desses arquivos pelas Comissões de Verdade do Cone Sul para julgamentos dos envolvidos na Operação Condor. Esta apresentação visará discutir a estrutura do arquivo, sua documentação e sua importância no contexto da construção da memória no Cone Sul e nos julgamentos de crime contra a humanidade na Argentina e Uruguai.
- Os rastros da Conexão repressiva das ditaduras de segurança nacional em Arquivos do Brasil.
Expositor: Prof. Dr. Jorge Christian Fernández (UFMS).
Esta apresentação abordará a Conexão Repressiva (legal e ilegal) Transnacional entre Brasil, Argentina e Uruguai; e a caça aos militantes políticos no marco histórico das respectivas ditaduras de Segurança Nacional, e seu estudo por meio dos arquivos repressivos.
14h às 17h – Mostra Mato Grosso do Sul da Imagem e do Som
Documentários:
- “À Mesa – Campo Grande de Culturas” (Dir.: André Patroni, Kleomar Carneiro e Paulo Higa – Documentário, 25 min., 2014).
Sinopse: O documentário discute a influência das colônias de imigrantes sobre a cultura campo-grandense, com foco na gastronomia.
- “Caá: A Força da Erva” (Dir. Lú Bigatáo – Documentário, 60 min., 2005)
Sinopse: o filme resgata a época do ciclo da erva-mate, um período chave da história de Mato Grosso do Sul – especialmente das regiões de fronteira. Por meio de entrevistas com personagens que viveram esse momento, pesquisadores e historiadores, o documentário traça um panorama que vai desde a Cia Matte Larangeira e a exploração dos trabalhadores paraguaios nos ervais até os dias de hoje, dias nos quais tomar tereré se tornou um símbolo da cultura sul-mato-grossense.
Debatedor: André Patroni.
Consulte a programação completa no endereço eletrônico www.facebook/semanadoarquivo
Foto: Edemir Rodrigues