Campo Grande (MS) – Uma noite para relembrar e celebrar a memória de Mato Grosso do Sul por meio de fotos, imagens, cartazes de filmes, álbuns de vinil antigos dos nossos artistas, tudo produzido por aqui. Assim foi a abertura da Mostra Memória do Cinema – MS 40 Anos, nesta segunda-feira, 19 de setembro, no Museu da Imagem e do Som (MIS).
A noite também comemorou os 20 anos de criação do Museu e marcou a cedência de parte do acervo do projeto Memória Fonográfica, do pesquisador Carlos Luz, que recebeu recursos do Fundo de Investimentos Culturais da Fundação de Cultura de MS.
A grande homenageada da noite foi a idealizadora do MIS e considerada a “mãe biológica” do museu, Idara Duncan. Idara lutou por dois anos para a implantação do MIS na época em que era secretária de Cultura, quando finalmente o MIS foi oficialmente criado em 9 de dezembro de 1997. A inauguração se deu em 28 de dezembro do ano seguinte, e a primeira sede foi no subsolo do Palácio Popular da Cultura.
“A criação do MIS é de toda uma geração de pessoas ligadas à música, à fotografia e ao cinema nesse Estado. É uma coisa que representa o que o Estado quer e precisa. O MIS abriga tudo o que aconteceu em imagens, filmes, o que as pessoas fizeram com todo o sacrifício. Eram realmente os amantes da cultura. As coisas foram crescendo, o material se acumulando, e precisávamos de espaço. O que eu fiz foi só alinhavar para conseguir registrar e acolher toda essa riqueza que é a nossa história e a vida do nosso povo. As pessoas se uniram por um ideal, que era um ideal coletivo. Um povo não existe sem memória. Divido essa homenagem com todos que estão aqui e que participaram dessa história e os que a continuaram. O MIS é um exemplo para as outras unidades da Federação”.
Logo depois, o pesquisador Carlos Luz falou sobre o seu projeto Memória Fonográfica, patrocinado pelo FIC-MS e que proporcionou a doação de parte do acervo do projeto para o acervo do MIS. “Essa pesquisa eu comecei há 17 anos, quando fiz parte da gravadora Sapucai e fazia catálogo para vender nossos músicos lá fora. Em 2000, com o catálogo, veio a preocupação de preservar a memória. A dificuldade de se conseguir um vinil era imensa, pois às vezes a tiragem era pequena, era difícil conseguir exemplares no meio de muitos discos gravados há 50 anos. Aí vieram os colaboradores. A Idara cedeu seu acervo para a pesquisa. Os meus amigos me ajudaram muito porque eles viam a preocupação com a memória. O vinil tem muita arte. A história no vinil reflete muito a nossa realidade cultural. Não existe museu sem acervo, o projeto é para preservar a história e relembrar”.
A atual coordenadora do MIS, Marinete Pinheiro, agradeceu a homenageada da noite, Idara Duncan, pela criação do museu e falou um pouco sobre os projetos de comemoração dos 20 anos. “Pensei em fazer um ato de entrega para as pessoas conhecerem o trabalho do Carlos. Quando eu estava gravando “A Dama do Rasqueado” a Delinha me entregou duas caixas de seus discos, que para recuperar eu falei com o Carlos Luz. Ele disponibilizou o conteúdo digitalizado no pen drive. Eu fiquei muito feliz porque é um trabalho muito difícil, digitalizar todas as músicas. As capas dos discos também são recuperadas, é um trabalho super valioso. Agora mais de 300 discos fazem parte do acero do museu, para consulta de toda a comunidade. Até dezembro temos o desafio de fazer 20 atividades celebrativas dos 20 anos. Em outubro, exibiremos 40 filmes em comemoração aos 40 anos do Estado. Agradeço a todos os que depositam sua memória aqui no museu”.
O superintendente do FIC, Ricardo Maia, falou sobre a importância do projeto Memória Fonográfica. “O projeto é muito importante para preservar essa memória, o Carlos acaba socorrendo a gente com o seu acervo. Agora, nos 40 anos do Estado, as pessoas vão poder consultar o acervo doado aqui no MIS. É um privilégio o FIC poder contribuir com esse projeto, que é a preservação da história do nosso Estado”.
O ator e cineasta David Cardoso, que terá grande parte dos seus filmes exibidos por ocasião da comemoração dos 40 anos de Mato Grosso do Sul, falou sobre a valorização dos valores locais nas suas produções. “Em primeiro lugar, eu coloco os valores locais, da nossa cidade, do nosso Estado. Nunca desisti de colocar nos meus filmes os valores locais. Eu nunca vi tanta aproximação da cultura com o povo sul-mato-grossense como estou vendo agora. Isso que o MIS está fazendo, segurar nosso valores, é muito importante. Esse sonho não pode acabar e nós, veteranos, temos que preservar isso”.
O secretário de Estado de Cultura e Cidadania, Athayde Nery, manifestou gratidão pelo trabalho de preservação do pesquisador Carlos Luz. “Esta é uma noite iluminada de gratidão ao Carlos, que é uma luz no nosso horizonte. Esse acervo que você tem é algo maravilhoso que nos encanta, tanto valor que tem para nossa história. As pessoas vão ter a possibilidade de buscar toda a maravilhosa obra de nossos autores. É um presente que você nos dá. Agradeço ao empenho da Marinete, que veio para cá com todos os desafios, e aos cineastas que ajudaram, conversando, dialogando. Obrigado ao David Cardoso por estar sempre aqui se apresentando e nos representando. Temos que estimular para que Mato Grosso do Sul seja propagado em todos os nossos rincões. Esse processo de pertencimento é fundamental, essa nossa construção cultural é fundamental. É isso tudo o que o museu guarda, para não deixar que ninguém seja esquecido”.
Após a solenidade os presentes foram convidados a visitar a exposição Memória do Cinema – MS 40 Anos, inaugurada na ocasião. Cartazes, fotos, câmeras e projetores contam uma parte da rica trajetória das produções audiovisuais em Mato Grosso do Sul mesmo antes da separação do estado-irmão. A entrada é franca e a Mostra está aberta para visitação de segunda a sexta-feira, das 7h30 às 17h30, até o dia 17 de novembro. O Museu da Imagem e do Som está no 3º andar do Memorial da Cultura, na Avenida Fernando Correa da Costa, 559, Centro.
Fotos: Alvaro Herculano