Homenageada nesta 13ª edição do Festival América do Sul Pantanal, a crítica e historiadora de arte Aline Figueiredo encantou a platéia com seu jeito excêntrico e sem formalidades em sua palestra na tarde de ontem (14) no Museu de História do Pantanal (Muhpan), em Corumbá, durante o 13º Festival América do Sul Pantanal.
O evento contou com a presença do secretário de Estado de Cultura, Turismo, Empreendedorismo e Inovação, Renato Roscoe;da presidente da Fundação de Cultura de MS, Andréa Freire: da superintendene de Cultura e Economia Criativa da Sectei, Cláudia Medeiros; da vice-prefeita de Corumbá, Márcia Rolon: do presidente de Fundação de Cultura de Corumbá, Joilson da Silva Cruz; da coordenadora do Museu de Arte Contemporânea de MS, Maysa Barros, entre outras.
Ao longo de duas horas, Aline contou sua trajetória profissional mostrando boa parte de trabalhos das centenas de artista plásticos revelados e projetados por ela ao longo de 55 anos. “Desde pequena eu queria ser fazenderia, como meu pai e meus irmãos, até que um dia, aos 15 anos, uma professora me viu desenhando na terra com um graveto e perguntou se eu gostava de artes. Ela me deu um livro que não tinha uma única figura, era um calhamaço: Moulin Rouge, de Piere La Mure. No ano seguinte, eu estava partindo para São Paulo estudar Artes. Pra vocês verem o que um livro é capaz de fazer com as pessoas”, troçou ela.
Nascida em Corumbá, em 1946, Aline se empenhou em buscar, aos 20 anos, nos municípios do Mato Grosso Uno, artistas plásticos potenciais e os reuniu na 1ª Exposição de Pintura dos Artistas Mato-grossenses, no Rádio Clube de Campo Grande, em 1966.
No ano seguinte organizou, com os artistas que surgiam, a Associação Mato-grossense de Artes, que teve papel fundamental na divulgação da produção regional. Como resultado, projetou nacionalmente diversos nomes, como Jorapimo, Humberto Espíndola, João Sebastião Costa, Clóvis Irigaray, Ilton Silva e Conceição dos Bugres.
Entre os cinco livros de sua autoria, destacam-se Artes plásticas no centro-oeste, contemplado com o Prêmio Gonzaga Duque de melhor livro de arte de 1980; A propósito do boi, agraciado com Prêmio Alejandro José Cabaça, em 1996; e Dalva Maria de Barros – garimpos da memória, que recebeu o Prêmio Sérgio Milliet, em 2002.
Aline criou espaços destinados à arte e à cultura, formou pesquisadores e artistas, estimulou pesquisas e reflexões sobre o tema. Rompeu o isolamento que o centro-oeste brasileiro vivia no cenário cultural, sendo, por consequência, reverenciada nacionalmente por seu louvável trabalho ao longo dos anos.
texto Fábio Pellegrini
foto Eduardo Medeiros